O jornal Metrópole, distribuído gratuitamente às sextas-feiras, em Salvador, possui uma coluna denominada “Não leia, não compre, não veja, não ouça”, onde os editores indicam peças, filmes, músicas e outros eventos que, na opinião deles, não vale a pena assistir. Se eu pudesse, faria o mesmo com a música cujo título copiei acima.
O hit é cantado pelo rapper estadunidense Eminem, tendo como convidada a talentosa Rihanna e figura entre os mais pedidos nos canais de vídeo-clips. Os programas de rádio que divulgam a tradução de músicas em inglês demonstram que grande parte delas possui de bom apenas a melodia. As letras, geralmente, são um emaranhado de palavras sem sentido, colocadas juntas apenas por causa da sonoridade. Tomara que seja então a melodia – e não a letra – que esteja colocando “I Love The Way You Lie” no topo das paradas.
A música, uma mistura de balada romântica e Rap, conta uma história de amor e ódio que infelizmente conhecemos bem. Um homem lamentando não se controlar nos momentos de fúria e prometendo agir diferente da próxima vez se desespera ao ver que a mulher deseja deixá-lo. No clip, numa casa em chamas, um casal troca carícias, ameaças e agressões. Na estrofe final, o homem reconhece seus defeitos, mas declara que se a mulher tentar novamente ir embora vai amarrá-la na cama e queimar a casa. O refrão, interpretado por Rihana, diz para o homem apenas ficar olhando enquanto ela queima e completa “não tem problema, pois eu gosto de como isso dói”.
Dói mesmo é ver uma tragédia transformada em romantismo. No mundo inteiro mulheres são assassinadas por seus companheiros justamente por desejarem romper relacionamentos problemáticos. Poderia soar como um protesto contra a violência, não fosse a posição de total aceitação da mulher. O mal gosto chega a ser fúnebre, principalmente quando lembramos que a cantora Rihanna foi brutalmente agredida por seu namorado o ano passado.
Sei que simplesmente por ouvir a música, ou assistir o clip os homens não farão aumentar os casos de agressão contra a mulher. Mas o que menos precisamos é que se faça apologia à violência.
(*) Eu amo o jeito como você mente.
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