Quem trabalha na advocacia sabe como a profissão é estressante. São os prazos fatais e mortais, são as ações que terão de ser ajuizadas com rapidez, a leitura obrigatória, diuturna, da doutrina jurídica, o acompanhamento das leis que são editadas quase que diariamente além da garimpagem das decisões dos Tribunais em forma de jurisprudência . É lidar com o cliente insatisfeito a cobrar agilidade e celeridade na prestação do serviço. Entretanto, poucos são os advogados que percebem a dimensão exata de como sua saúde está sendo afetada pela profissão.
De um modo geral, a porcentagem na população com problemas relacionados ao abuso de álcool é de 10%, porém, segundo uma pesquisa realizada pelos infalíveis norte-americanos, este número é de 15% entre os advogados. Além disso, a depressão também é uma questão preponderante nesta profissão. Em 2010, foram entrevistados 12.000 trabalhadores na Universidade Johns Hopkins em Baltimore (EUA) com o intuito de identificar a incidência de depressão entre os profissionais. Os advogados ocuparam o 1º lugar da lista.
Por que trabalhar com Direito é estressante? O Direito é uma ciência humana que regula a forma que as pessoas devem se comportar na sociedade. Para se manter a paz social, é preciso que as pessoas observem a Lei. Ocorre que isso nem sempre acontece e, assim, surgem os problemas. Consequentemente, os advogados são contratados e inseridos nas relações sociais para defender os direitos dos ofendidos e tentar buscar e fazer justiça.
O nervosismo e a ansiedade são partes integrantes do trabalho que está sendo realizado pelo advogado. Se tudo no processo acontecer conforme as expectativas do profissional e do cliente, as emoções desagradáveis serão menos intensas e se dissiparão, e o resultado para todos será gratificante. Porém, quando as expectativas não são alcançadas no processo tanto para o cliente quanto para o próprio advogado, as emoções como frustração, raiva, tristeza, insatisfação e o sentimento de estarem sendo injustiçados surgem com muita força e são desagradáveis.
Nestas situações, o advogado tem que, além de dar conta de suas próprias emoções, administrar também as emoções de seus clientes para conseguir se manter na profissão. Advogados que trabalham com Direito de Família e Sucessões são os mais afetados por lidarem com situações e assuntos onde as emoções são mais intensas entre as partes.
Vale ressaltar que lidar com nossos próprios sentimentos já é uma tarefa muito difícil. Imagine lidar diariamente com as emoções dos outros. Isso é uma missão quase impossível para quem não é habilitado a trabalhar com isso como os psicólogos clínicos.
As emoções acumuladas e ignoradas no dia-a-dia da prática advocatícia geram um desgaste mental, emocional e físico no profissional. Quem não se cuidar, corre o risco de se tornar um profissional estressado, frustrado, infeliz, improdutivo ou, pior, doente.
Cada advogado tem que adotar a melhor maneira de diminuir seu estresse. O importante é ter consciência do impacto disso em sua produtividade no trabalho e também em várias outras áreas de sua vida, seja na pessoal, conjugal, familiar e, principalmente, na saúde física. Portanto, senhores advogados, cuidem-se!
nilsonazevedo@globo.com
The Nebraska Lawyer “Lawyers: Are we a profession in distress?”.
1 comentários:
Meus comentários não são publicados porque gal é um tapado, nunca soube interpretar um texto. Gal me diga o significado de interpretação? Diga e diga logo.
28/4/12 14:33Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!