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Juízes do quebra-galho

4/24/2012



E se fosse aprovado um belo aumento para o Judiciário, incluindo a elevação dos vencimentos dos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) - o teto dos atuais R$ 26, 7 mil para, digamos, R$ 40 mil? E mais uma anistia para todos os pagamentos irregulares feitos aqui. Tudo bem? Acabaria essa brigalhada entre os juízes? 
A julgar pelos precedentes, a resposta é não. Definidos os novos números, imediatamente se iniciaria outra etapa do quebra-galho jurídico que consiste no seguinte: como aumentar os salários dentro da lei que proíbe esses aumentos.
Pode parecer impossível para as pessoas comuns, mas não para eles. Hoje, por exemplo, o teto salarial do funcionalismo está bem definido, é o salário dos ministros do STF. Não é o primeiro teto, porém. Vários outros já foram fixados e sistematicamente ultrapassados pelo quebra-galho corporativo.

Trata-se de buscar brechas na lei, verdadeiras pegadinhas. Começa assim: o que é teto? Ora, essa é fácil, responderia o leitor, é o valor máximo a ser recebido pelo magistrado. Certo, mas o que está abaixo desse teto? Ora, responderia de novo a pessoa comum, tudo está abaixo, senão não seria o teto.
Mas esse senso comum não vale naquela esfera jurídica. Ali, inicia-se uma discussão sobre o que é salário e o que são vencimentos. Aí fica fácil. Basta definir que auxílio moradia, por exemplo, não é salário nem vencimento, mas um recebimento de outra natureza. Logo, não cabe no teto. Quem define esses conceitos? O próprio Judiciário, em benefício próprio. Como é infinita a habilidade dos juízes de encontrar penduricalhos, todos os tetos acabaram furados.

Pelo País todo, nos tribunais estaduais, foram sendo descobertos e acumulados diversos tipos de "auxílios", gerando pagamentos generosos, com o dinheiro do contribuinte e tudo sem fiscalização e controle. De novo, na lei, corregedorias estaduais deveriam fazer essa fiscalização. Mas não faziam porque eram integradas por juízes diretamente interessados no processo.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nasceu da constatação de que alguma coisa precisava ser feita para conter essa, digamos, imaginação criadora. Em português claro: para acabar com essa farra.
Advertência: não estamos dizendo que todos os juízes se dedicam a esse quebra-galho nem que todos ganham acima do teto. E sabemos de muitos deles que condenam esse comportamento de seus pares. Mas a sequência de abusos tornou claro que algo precisava ser feito, ainda que o extrateto tenha beneficiado um número restrito de magistrados.

Na verdade, mais grave do que o número é o fato de haver suspeitas de irregularidades praticadas por magistrados das cortes superiores, justamente os que deveriam dar mais exemplo de isenção e consciência do serviço público que exercem.
E o que fez o Conselho Nacional de Justiça? O que devia fazer: foi investigar os pagamentos feitos pelos tribunais a seus juízes. Não todos os pagamentos, mas apenas aqueles sobre os quais havia suspeita de irregularidades.

E essa é a bronca. Vamos falar francamente: as três principais associações nacionais de juízes simplesmente não querem que o Conselho verifique o sistema de pagamentos. E mais: o vigor com que se opõem à investigação e a ação quase desesperada para barrar o CNJ estão provocando mais suspeita ainda. Será que a irregularidade é mais ampla do que parece?
Em resumo: há uma prática antiga no Poder Judiciário para driblar as leis que limitam vencimentos; o CNJ está atacando esse processo, num procedimento que é absolutamente normal no regime democrático e de equilíbrio entre os Poderes.

Agência Estado (AE)

2 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto isso o professor vivendo com este salário desgraçado e sendo desvalorizado por alguns que se diz lutar pela educação e o governador querendo cortar ponto do professor el quer fazer com o professor o que ele fez com os policiais mais ele vai ver, ele está pensando que vai fazer sucessor.

24/4/12 08:19
Eleitor disse...

Isso porque sempre votamos nos mesmos rostos que só prometem e nunca fazem nada. Queremos caras novas que não se rebaixem aos lobbystas, ou as velhas raposas do congresso. Mas ao invés disso, sempre pegamos as velhas figurinhas repetidas, achando que dessa vez eles mudam. Me perdoem aqueles que lutaram contra a ditadura. Mas ao menos lá, nós podiamos fazer algo contra eles, e não sair por ai derrubando sites que não vão servir pra nada, ou revelar conteúdos de e-mails que o povo logo esquece. Temos que entrar na politica, e lavar a alma de Brasilia e da Nação por dentro, e não ficar contando com as velhas caras que sempre nos f...

24/4/12 09:26

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