A fiscalização encontrou condições degradantes e jornadas de até 16 horas em lavouras de soja, café e milho. Ao todo, 24 pessoas foram resgatadas
Trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão no final de fevereiro em lavouras de soja, café e milho, nos municípios de Montividiu e Rio Verde, em Goiás, dormiam com ratos e morcegos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De acordo com o auditor fiscal Roberto Mendes, as jornadas de trabalho prolongadas, que chegavam a 16 horas, e as condições degradantes a que 24 pessoas eram submetidas sistemáticamente em fazendas do grupo Ypagel, caracterizam escravidão contemporânea, conforme previsto no artigo 149 do Código Penal. A ação de fiscalização contou com a participação do auditor Juliano Baiocchi e da procuradora Carolina Marzola Hirata, do Ministério Público do Trabalho (MPT), além de apoio da Polícia Federal.
Os trabalhadores foram resgatados das fazendas Monte Alegre, Pindaíbas e Cachoeira de Montividiu, todas pertencentes ao grupo Ypagel, dos irmãos Valdemar Osvaldo Gonçalves e Jurandir Osvaldo Gonçalves, e suas filhas Geovana Eliza Gonçalves e Franciele Mendes Gonçalves. Questionado sobre as condições a que o grupo era submetido, o gerente responsável pela colheita de soja, Antônio Osvaldo Gonçalves, irmão dos dois proprietários, afirmou que todos da família estavam viajando e que não poderia se pronunciar. A Repórter Brasil tentou contato com Valdemar, mas, até o fechamento desta reportagem, ele não retornou aos recados deixados em seu celular.
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Colheita
A agilidade para regularizar a situação tem relação com os prejuízos decorrentes de atrasos na colheita da soja, que vai de fevereiro a março em Goiás. O MTE promete intensificar as ações de fiscalização até o final do período. "Na região do sudoeste goiano existem milhares de produtores de soja e suspeita-se que possa haver outros casos semelhantes. Como o período de colheita coincide com o período chuvoso, existe certa dificuldade de se realizar a colheita, uma vez que quando se chove não é possível colher. E como, após atingir o ponto ideal de colheita, os grãos não podem aguardar muito tempo, os agricultores costumam aproveitar ao máximo aqueles dias em que as condições estão ideais para tal (dias ensolarados). E é justamente aí que ocorre a exigência de jornadas de trabalho extremamente excessivas, que se prolongam até as 20h/23h", explica o auditor Roberto.
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Degradação
O estado dos alojamentos em que os trabalhadores eram obrigados a dormir durante a época de colheita está entre um dos principais problemas encontrados. Havia apenas um chuveiro para um grupo de mais de 20 homens e condições inadequadas de higiene e habitação. "Esses locais estavam em péssimas condições. Eram sujos e sem higiene, não tendo nenhuma estrutura para servir como moradias. Os únicos móveis existentes no local eram as camas velhas. Tinha trabalhador que nem colchão tinha, estavam dormindo ‘na tábua’. Era uma situação de total degradância. Os alojamentos estavam infestados de ratos e morcegos, que, durante o dia, dormiam sossegadamente na cozinha", diz Roberto, que ressalta que, apesar da situação encontrada nos alojamentos, o maquinário usado na colheita e transporte da soja, bem como no plantio do milho safrinha era de última geração.

Além de estarem submetidos a condições degradantes no alojamento e nas lavouras, os trabalhadores também tinham que cumprir jornadas exaustivas prolongadas. O grupo, de acordo com as autoridades, começava a trabalhar por volta das 6h e 7h e seguia até a hora que fosse possível, alguns cumprindo jornadas de até 16 horas.
5 comentários:
Se procurar, se acha trabalhador escravo aqui em Xique-Xique
11/4/12 08:29Nunca li que os donos dessas fazendas foram presos,
11/4/12 10:08Em Xique-Xique tem escravo até na prefeitura, são os funcionários que são obrigados a comparecer nas "inaugurações" do prefeito, fica parecendo pra os bestas que ali foi muita gente aplaudir o senhor prefeito de Xique-Xique.
Na Região de Barreiras e em Luís Eduardo Magalhães existe forte crescimento na produção da soja, algodão e outras culturas, os casos de trabalho escravo e desrespeito a outros direitos trabalhistas são muitos. Ali as cartas de alforria custam uma fortuna e os trabalhados não pode pagar e se tornam escravos dos fazendeiros.
11/4/12 10:24A Polícia Federal precisa ir lá.
Nem precisa ir longe aqui em Xx mesmo, quantos comerciantes fazem de seus funcionários escravos, trabalhando duro, e muitos nem carteira assinada tem, é uma vergonha, e o que é pior sempre tem hora pra entrar e nunca pra sair, não tem direito a férias e precisam fazer afazeres pessoais dos comerciantes, é brincadeira uma coisa dessa.
11/4/12 10:34Os trabalhadores de Ensino do Estado não são ESCRAVOS do Governo. Os Professores exigem respeito e salário compatível com as suas dignidades.
11/4/12 15:51Por isso estamos em GREVE.
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