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Em Xiquexique comemoramos o Dois de Julho, a verdadeira data da Independência do Brasil

7/02/2012

Nasce o sol a 2 de julho
Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Salve, oh! Rei das campinas
De Cabrito e Pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos não será
Cresce, oh! Filho de minha alma
Para a pátria defender, 
O Brasil já tem jurado
Independência ou morrer

Hino 2 de Julho

Ladislau dos Santos Titara , José dos Santos Barreto e Paulo Costa Lima

Dois de Julho: A liberdade frente à opressão


Poucos brasileiros, que não são da Bahia, conhecem a força do nosso dia 2 de julho. É uma falha enorme de informação histórica, pois trata-se do processo de independência do Brasil, e não, literalmente, da independência da Bahia, como até hoje muita gente fala e crer erroneamente. Uma coisa é dar o grito do Ipiranga do imperador  D. Pedro, nascido e com interesses na sua verdadeira pátria que era  Portugal, tanto que veio a ser o Dom Pedro IV português, outra coisa é garantir o pleno domínio do território nacional sobre o jugo colonialista português apesar do Riacho  Ipiranga.  


Entre as duas pontas, uma guerra. A guerra da Bahia, onde brilhou o heroísmo popular com o  surgimento de tropas irregulares recrutadas no interior baiano: os jagunços e os vaqueiros vestidos de couro como os sertanejos da localidade de Pedrão. Essas tropas combateram muito bem contra os portugueses do famigerado Madeira de Melo e chamaram a atenção não só pelo traje exótico como também pela prática da guerrilha, além de lideranças como Labatut, Lima e Silva, João das Botas, Maria Quitéria. Teve inicio a guerra de guerrilhas, sem tréguas, contra os portugueses. Dela ainda participaram, entusiasmados, crianças, padres, mulheres e até índios utilizando arco e flecha.
Xiquexique-BA
Interessante o registro histórico  de que ao destinar uma  carta a José Bonifácio, o General Labatut assevera: "Nenhum filho de dono de engenho se alistou para lutar". 

A consciência da possibilidade de uma nação surgiu no meio das massas populares, embora os donos de engenho, os produtores de açúcar do Recôncavo Baiano, fossem os grandes prejudicados pela ocupação portuguesa, em razão dos tributos exigidos, pois quem ditava as regras de  exportação do açúcar da Bahia eram os comerciantes portugueses.
Salvador, a capital da província, presenciou, após a tomada do Forte de São Pedro, cenas de barbárie da tropa do português Madeira de Melo.  Dizendo perseguir patriotas brasileiros que teriam se refugiado no Convento da Lapa, soldados portugueses arrombaram portas, arrasaram altares e assassinaram, cruelmente, a bondosa Madre Joana Angélica, ao proteger com seus protestos a vida e a honra das freiras com o extremando anseio de libertação da Bahia. 

Grande número de brasileiros, abandonou Salvador em busca do Recôncavo para a formação de um núcleo de resistência.
Foram meses de luta, de 7 de novembro de 1822 a 2 de julho de 1823,  batalhas em diversos pontos do Recôncavo, sendo a mais famosa a de Pirajá, nos arredores de Salvador, onde segundo consta, o corneteiro Lopes decidiu a vitória tocando "avançar cavalaria"  contra as tropas portuguesas do Brigadeiro Madeira de Melo quando havia sido instruído para fazer o contrário, ou seja, recuar. Vitória brasileira contra os opressores  portugueses.  
Imaginem que uma mulher do século XIX, Maria Quitéria, justiçou  muito inimigo portuiguês colonialista. 

Que espécie de sol é esse - 'brilha mais que no primeiro'? É uma espécie de chamado  que convoca e reúne milhares de  pessoas em Salvador e  no Estado  a cada 2 de julho, há 188 anos, em torno de um cortejo, que na verdade é espelho vivo de nós mesmos, uma construção existencial baiana, o encontro e o borbulhar de atitudes culturais as mais distintas. 

carro do caboclo
Basta olhar o carro do caboclo que hoje desfila em Salvador para exemplificar o que é mesmo diversidade: tem lança de madeira apontada para um dragão, cocar, muitas penas, armadura de ferro em estilo medieval, baionetas, anjos barrocos, placas com nomes de heróis, colares diversos, alforjes, bandeiras, folhas e mais folhas, entre outras tantas coisas. 

Não é uma festa para se ver pela televisão ou para entender através da mídia. Não adianta focalizar em momentos, mesmo que solenes e oficiais, reunindo poderes constituídos e povo. É uma festa para participar. Só sabe do que se trata quem vai lá, quem sente a emoção fluindo, quem vê o interesse do povo em festejar e manter a tradição, a exemplo da alvorada do largo da Lapinha até o Campo Grande, em Salvador. 

No meio de tudo isso a figura inesquecível de Maria Quitéria, uma mulher que se fez soldado, e que foi oficialmente aceita por D. Pedro I como membro do Exército Nacional, com direito a ostentar sua insígnia pelo resto da vida. Lutou bravamente, desafiou a todos, inclusive ao pai, que a queria longe da luta. 

Maria Quitéria
Segundo a historiadora inglesa Maria Graham, que deixou registrado um perfil da heroína, a moça era bastante feminina, ninguém duvidava de sua virtude mesmo depois de meses de acampamento com os homens. Gostava de comer ovo ao meio dia e peixe com farinha no jantar. Fumava um cigarro de palha após as refeições. Entendia as coisas com rapidez e naturalidade. Depois da guerra voltou para sua terra, casou-se e teve uma filha. Entrou em Salvador um ano depois, em 1824, acompanhando o General Lima e Silva e foi agraciada com uma coroa de flores no Convento da Soledade que fica no bairro da Lapinha. 

É mesmo impressionante verificar que o espírito de 1823, da entrada triunfante de nossos combatentes e da visão libertadora, compartilhada pelo Recôncavo, na Cidade do Salvador e em todo Estado da Bahia, tenha sido preservado durante todo esse tempo e que ainda continuará dessa forma por muitos e muitos anos. Qual o segredo, então,  de persistir no tempo?

Não existe segredo. Enquanto a população sentir que o 2 de julho lhe pertence, haverá  2 de julho. E portanto, para falar disso que emana da festa, devemos esquecer os chavões do civismo, aquela noção de bandeirantes fardados e perfilados, pois o território do nosso civismo é outro - é mais caboclo. E não é território de exclusão, celebra caboclo e cabocla. Portanto, entre folhas, armadura, dragão e celebração o que emerge é o próprio território cultural da Bahia. Território matriz que não está interessado em meros separatismos, e sim na invenção de uma nova idéia de coletivo. 
Esse civismo de pertencimento que não depende de efígies gregas, máximas latinas ou princípios positivistas (mas que também não os rejeita), se realimenta a cada ano com a própria participação dos atores e autores populares, os quais garantem permanência à celebração, simplesmente por se sentirem parte dela. 
Cachoeira-BA  a Cidade Heroica
Muito antes do atual discurso sobre inclusão, lá estava o símbolo pronto de um País, o qual só lentamente vai se aproximando da densidade da construção simbólica de origem. Coisas que eram apenas vetores em 1822-23 foram aos poucos virando realidade - abolição, república, protagonismo feminino. 
O mais bonito é pensar que o 2 de Julho é o nosso destino a almejar dias melhores para a Bahia, com governantes  verdadeiramente sensíveis no que se refere ao desenvolvimento e bem-estar da população baiana, sem demagogia, pois, em razão disso, estaremos plenamente à altura da força e da dignidade que os nossos antepassados nos deram como exemplo, até com derramamento de sangue, quando  derrotaram os portugueses, os  opressores colonialistas. 


8 comentários:

xiquexiquense baiano disse...

Critico a indiferença no país, especialmente das autoridades e políticos em Brasília – inclusive os baianos –, em relação ao Dois de Julho, a data magna da Independência do Brasil na Bahia.!
Viva a Bahia!! Viva XiqueXique!!
Perguntem a Gal, a Ricardo, a Lulinha se eles conhecem a história da Independência do Brasil na Bahia.

2/7/12 08:40
Anônimo disse...

Não quero nem saber do dois de Julho , meu amigo Nilson. So sei dizer-lhe que o governador da Bahia, levou muitas e muitas pauladas na cabeça e vaias no cortejo. { Deveria ser muitas chibatadas }

2/7/12 10:37
Professor disse...

Um homem tentou invadir o cordão de isolamento que protege o governador Jaques Wagner, logo após a saída do corterjo no Largo da Lapinha, no início da manhã desta segunda-feira (2), e arremessou um mastro de uma faixa. O objeto acertou a cabeça do governador, mas sem gravidades. O chefe do Executivo baiano é cercado por três cordões compostos por seguranças e policiais militares. Mesmo com todo o esquema, o agressor conseguiu se aproximar do petista. Ele foi preso pela PM. Além dos protestos, com tentiva de agressão e até uso de bombas juninas próximo à sua comitiva, Wagner caminhou sob forte vaias e protestos de manifestantes e de participantes presentes nas comemorações à independência da Bahia; Ele não esperou o fim da Festa Cívica e foi embora.

2/7/12 10:59
Anônimo disse...

Nilson, O dois de Julho não é real é apenas imaginario e floclorico. é Uma Baianada.Leia Dorival Cayme.

2/7/12 11:04
Anônimo disse...

É tanta a insensibilidade de nossos homens públicos, inclusive os que representam a Bahia, existe alguma possibilidade, por mais remota que seja, de o Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães recuperar o nome original de Aeroporto Dois de Julho? Duvide-o-dó.

2/7/12 11:17
M.R.Q.S. disse...

Nilson se vira pra prestar informações históricas
e os comentaristas aqui estão totalmente alienados. Gente, leiam o que Nilson informou. Êta povinho..

2/7/12 13:00
Odenildo Vieira - Vinha disse...

A democracia vai voltar em Xique-Xique, e com ELA, vamos nos Libertar dessa tirania, dessa ditadura. Viva a democracia, viva o povo de Xique-Xique. Agora é R13

2/7/12 20:28
Anônimo disse...

Eita povo pobre...comemorando mais um feriado no Brasil!! depois querem falar que os políticos não trabalham.

6/7/12 18:25

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