Ex-senador Demóstenes Torres |
O Senado cassou nesta quarta-feira, 11, o mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A votação foi secreta e o resultado foi de 56 votos a favor e 19 contra. Foram 15 votos a mais do que o necessário. Ele é acusado de quebra de decoro pelo envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal.
Com o resultado, Demóstenes passa a ser o segundo membro da Casa a perder o mandato. O primeiro foi Luiz Estevão, do Distrito Federal, em 2000, acusado de envolvimento no desvio de verbas públicas na construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. Em 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a ser julgado, mas foi absolvido.
A sessão começou pouco depois das 10 horas. Seis senadores se pronunciaram em plenário. Eles cobraram punição para Demóstenes e defenderam a aprovação da proposta que acaba com o voto secreto para processos de cassação. A sessão conta com a presença de 80 senadores. Apenas Clovis Fecury (DEM-MA) faltou à sessão.
Primeiro a falar, o senador Mário Couto (PSDB-PA) defendeu que o caso de Demóstenes é indefensável. Couto lembrou que o senador goiano admitiu que a voz gravada era dele. "É impossível defender o indefensável. Os fatos são comprovados", disse. "Talvez hoje esta Casa mostre ao País um pouco de moralidade".
A senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que os parlamentares têm que cumprir o "dever constitucional" para o qual todos foram eleitos. "Na política, em especialmente, vale a mulher de Cesar: não basta ser honesta, precisa também parecer honesta", afirmou. Logo após, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) se disse traído e ludibriado pelo colega goiano. Ferraço afirmou que é preciso "perdoar o pecador, mas não o pecado".
O senador João Capiberibe (PSB-AP) disse que, na política, é "impossível que sejamos ingênuos". Assim como Ricardo Ferraço, ele questionou o fato de Demóstenes ter convivido durante tanto tempo com Cachoeira sem saber das atividades ilícitas dele.
O presidente do Conselho de Ética, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), também fez coro na defesa do voto aberto. "Agora que vivemos numa democracia plena, onde todos os valores são assegurados pela Constituição e pela lei, o voto secreto não mais se configura uma necessidade", disse ele. Sem revelar sua posição, Valadares pediu para que os colegas acompanhem o voto dado por ele no colegiado - favorável à cassação.
Demóstenes ocupou a tribuna depois do meio-dia. Ele rebateu as acusações de desvio de dinheiro e de atuar a favor de Carlinhos Cachoeira. O senador criticou a imprensa, dizendo que "fui perseguido como cão sarnento". Ele voltou a dizer que não mentiu, "mas mentir não é quebra de decoro", e reiterou que "ninguém pode decapitar um senador sem provas. Não há provas contra mim". "Meu erro aqui foi o que a senadora Ana Amélia disse: além de ser honesto é preciso parecer honesto. Mas não sou desonesto".]
Agência Brasil
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