O descumprimento de ordens judiciais por categorias que deflagraram greves na Bahia, neste ano de eleições, tem suscitado questionamentos de especialistas em relação à legitimização da Justiça baiana. Para o constitucionalista José Amando Junior, o Judiciário estaria sem autonomia. Já o cientista político Joviniano Neto acredita que a Justiça estaria agindo apressadamente ao decretar ilegalidade dos movimentos.
As entidades baianas estão habituadas a descumprir decisões judiciais. Há um grave problema de deslegitimização da Justiça. A continuidade de greves consideradas ilegais tem ocorrido porque a Justiça aboliu a possibilidade de prisão civil por descumprimento judicial. A responsabilidade disso é da própria Justiça. O Judiciário entende que isso não é mais uma medida eficaz. E quanto mais tempo o entender assim, mais decisões serão desrespeitadas.
Para Amando Junior, o problema é oriundo da falta de autonomia da Justiça frente aos poderes Executivo e Legislativo da Bahia. “A Justiça não tem na Bahia uma autonomia frente aos outros poderes como deveria ter. Na medida que o Executivo e o Legislativo descumprem decisões judiciais, é óbvio que outras pessoas vão começar a descumprir também.”
Pressa - O cientista político Joviniano Neto acredita que “há um conflito entre uma visão legal do Judiciário e a dinâmica do movimento social”, afirma. Segundo ele, os sindicatos respondem além das dinâmicas dos seus interesses econômicos.
“Uma direção do sindicato não pode determinar que uma greve se interrompa sem levar para sua assembleia. Às vezes acontece que a Justiça, no esforço de garantir a normalidade, coloca exigências que na verdade tornariam quase que inócua a greve”, pontua.
Joviniano afirma que “a Justiça está agindo de forma apressada em nome de garantir a normalidade, e termina dificultando os movimentos grevistas. Na medida que essa dificuldade ultrapassa a capacidade de absorção da categoria, a categoria não cumpre. Se você toma posições para quebrar um ato, para dobrar um ato, você perde a condição de ser vista como isenta”.
Segundo o Desembargador Antonio Pessoa Cardoso, do Tribunal de Justiça da Bahia, "a desobediência às decisões judiciais não é obra dos grevistas, como a imprensa costuma alardear. Essa infração é sistemática entre as autoridades do Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário, tanto na ordem estadual quanto federal. Na verdade, os governantes defendem o cumprimento irrestrito das decisões judiciais somente quando são beneficiados, mas, se vencidos buscam todos os recursos legais e ilegais para não cumpri-las".
Segundo o Desembargador Antonio Pessoa Cardoso, do Tribunal de Justiça da Bahia, "a desobediência às decisões judiciais não é obra dos grevistas, como a imprensa costuma alardear. Essa infração é sistemática entre as autoridades do Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário, tanto na ordem estadual quanto federal. Na verdade, os governantes defendem o cumprimento irrestrito das decisões judiciais somente quando são beneficiados, mas, se vencidos buscam todos os recursos legais e ilegais para não cumpri-las".
(A TARDE)
1 comentários:
O PRIMEIRO A DESMORALIZAR A JUSTIÇA BAIANA FOI O GOVERNO WAGNER QUE NÃO CUMPRIU A DETERMINAÇÃO DAS CONTAS E EMPRESTIMOS BANCÁRIOS CONSIGNADOS SÓ NO BANCO DO BRASIL. PARECE QUE CUMPRIU DEPOIS DE 1 ANO. ISTO SIM QUE É DESCUMPRIMENTO E ABUSO DE PODER.
23/7/12 08:30Postar um comentário
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