O Ministério da Saúde chega a desembolsar até 163 vezes a mais do que municípios pagam em um medicamento do programa Aqui Tem Farmácia Popular. O remédio em questão, um anticoncepcional, é distribuído gratuitamente nos postos de saúde de todo o Brasil. Um levantamento realizado com dados públicos aponta que o ministério pagou um valor maior por 17 de 21 itens analisados. A diferença entre o que o governo federal pagou neste ano e o menor preço encontrado no mercado chega a R$ 504, 5 milhões. Marco Aurélio Pereira, coordenador do Programa Aqui Tem Farmácia Popular, admite a diferença e aponta que o ministério economiza em outros gastos que teria se a compra não fosse feita dessa forma. Ainda sobre os valores, Pereira diz que fica difícil de competir com compras públicas. — São as farmácias que fazem a negociação.O professor Augusto Afonso Guerra Júnior, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), considera o valor extremamente alto. — Se o governo pode gastar em média dez vezes mais em cada tratamento, porque esse investimento não foi feito antes na própria rede pública? Álvaro Silveira Júnior, vice-presidente da ABCFarma (Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico), atribui as críticas a uma visão pouco abrangente. — Com o programa, o governo não se preocupa com a logística, não tem nenhuma surpresa com ineficiência no sistema, como dificuldades de licitação ou atrasos na entrega. O promotor de Justiça Nélio Costa Dutra Júnior identifica um outro efeito do Farmácia Popular. — Como os preços pagos pelo governo federal são mais altos, fica desinteressante para o setor privado participar de disputas de compras nos Estados e municípios.
Bahia Repórter
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