A obsessão dos herdeiros da casa grande

Há tempo largo, a mídia conservadora cuida de excitar os herdeiros da Casa-Grande ao sabor de pavores arcaicos agitados por instrumentos cada vez mais sofisticados, enquanto serve à plateia da senzala a péssima educação oferecida pelo Big Brother e em companhia de um funcionário antigo da TV Globo.

Levamos séculos para tirar das mãos dos poderosos a chave da Senzala...

Estão aí o Fome Zero, o Bolsa Família, o Crédito Consignado, o Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida, a Agricultura Familiar, o Prouni, as Escolas Profissionalizantes, o Brasil Carinhoso, o Brasil Sem Miséria entre outras iniciativas sociais do governo Lula/Dilma que permitiram à sociedade dos lascados, dos despossuídos, dos enjeitados,  conhecer o que nunca as elites econômico-financeiras lhes permitiram, qual seja, um salto de qualidade. 

No decorrer desses 11 anos é incontestável que milhões de brasileiros passaram da miséria sofrida à pobreza digna e laboriosa e daí  para a classe média.

Os donos da Casa-Grande só perderam parte de seu poder com a eleição de Lula, em 2002.  Somente a partir desse momento histórico  os mais pobres começaram a ter um pouco do básico, como comer, morar e vestir. A partir de Lula, o governo não foi feito só para atender os interesses da Casa-Grande.

E é exatamente por isso que uma enorme campanha vem, há muito,  sendo movida na grande imprensa, nos jornalões.  Os da Casa-Grande sabem que é preciso destruir Lula e Dilma de qualquer jeito  para que O PT não continue  exercendo o poder popular e  que não seja tomado, de uma vez por todas,  a chave e as taramelas da Senzala que insistem perverter e estuprar o Brasil, desde o governo colonial.

Os da Casa-Grande sabem que poderão ter como cúmplices muitos dos que habitaram a senzala e muitos dos que, saindo dela e estando remediados, tornaram-se formadores de opinião.

Os da Casa-Grande sabem que temos uma pré-disposição atávica para o servilismo como  já comentara Étienne de la Boétie,  no século XVI, em livro célebre, sobre a servidão voluntária dos seres humanos.

Em Pedagogia do Oprimido, o educador Paulo Freire também comenta sobre a disposição dos oprimidos para se tornarem opressores.  Muitos da Senzala, por algum motivo, tendem a se identificar com os donos do poder. Os donos das terras, os donos das fábricas, os donos do comércio, os donos do dinheiro, todos os donos que não somos e que muitos queríamos ser imaturamente.

Portanto, o principal inimigo a ser batido é Lula, o primeiro com força simbólica para se opor aos da Casa-Grande, que já não suportam a ideia de perder eleições a cada 4 anos, mesmo apoiados por seu grande braço, a grande imprensa brasileira serviçal dos interesses inconfessos dos capitalistas exploradores.

E neste domínio da covardia e da raiva dos burgueses e da saraivada de insultos no calão dos botecos de arrabaldes e adjacências, simbolizados  pelos redutos paroquiais, há mesmo quem candidate Lula às chamas do inferno.

Os herdeiros da Casa-Grande até mesmo agora se negam a enxergar o ex-presidente como o cidadão e o indivíduo que sempre foi desde a origem, ou são incapazes de uma análise isenta,  porque sobra, de todo modo, um personagem inventado talhado para a ficção do absurdo nas eivadas mentes.

De certa maneira, a escolha da versão surrealista de Luís Inacio, traçada pelos fariseus modernos, chega a ser mais grave do que a própria falta de reconhecimento dos méritos de um presidente da República decisivo para o nosso País, como Lula foi. Um divisor de águas, acima até das intenções e dos feitos que Lula realizou, pela simples presença, com sua imagem, em toda a complexidade, a representar o Brasil em tão perfeita coincidência de valores melhores do mundo. 

 Fonte: Carta Capital