Juram
os céticos e os pessimistas que a praga lançada e aspargida sobre Xiquexique
pelo padre Francisco Sampaio, no limiar do século XX, jamais será remida ou exorcizada.
A praga que até hoje ecoa, misteriosamente, desde a Ilha
do Miradouro até o acesso da Vila de Santo Inácio no Portal da Serra do Açuruá,
irradiando a maldição já conhecidíssima, ad nauseam, por gerações e gerações de
xiquexiquenses: “Terra maldita que crescerá tal qual rabo de cavalo”. Dizem
que nem reza de São Cipriano da Capa Preta neutralizará os efeitos do epíteto deflagrado pelo vigário indignamente ultrajado.
Não
participo do rol dos pessimistas. Creio que o perdão emergirá das mesmas águas são-franciscanas
aonde os antigos coronéis e seus sequazes fizeram embarcar, compulsoriamente,
na marra mesmo, o padre Chicão a bordo da
lendária canoa furada.
Interessa-me
saber, no entanto, quem enterrou uma
caveira de burro na Praça Dom Máximo a fim de que seja aplicada ao malévolo autor ou
autores a pena de excomunhão, prevista no Código Canônico quando, nesse ínterim, buscaremos convencer
às nossas lideranças políticas o enfrentamento e as soluções, com os espíritos
desarmados, uma vez que se multiplicam os enormes desafios que se lhes
apresentaram nestes tempos pós-modernos
do ano de 2014, após o esboço de fim do mundo pré 2012.
A
nossa urbe barranqueira está a clamar um compromisso de todos os seus cidadãos que depositaram seus votos, repletos de esperanças alvissareiras, nos atuais dirigentes do município, objetivando
retirar das pranchetas burocráticas o desenho do desenvolvimento de que necessitamos, quer
seja no que se refere à agressiva paisagem
que contorna a Ipueira, legado
da ditadura militar que obstaculiza a
visão romântica do ocaso do sol ou mesmo exigindo o final feliz dos capítulos
do desenvolvimento econômico provindos
da irrigação do Baixio da Boa Vista que insiste em marcar passo para o término
da obra que nunca chega e jamais se conclui.
Se
preciso for, prometo que estarei na avenida J. J. Seabra, dirigindo uma retroescavadeira até à Praça
Dom Máximo para desenterrar a famigerada caveira de burro que está enterrada no anfiteatro que se distingue na paisagem da histórica Praça.
Na alvorada desse dia, quando o sol der início ao seu brilho ardente na orla do Parque Aquático Ponta das Pedras, vamos todos à Igreja Matriz do Senhor do Bonfim, em
procissão, cantando salmos e benditos, para fazer penitência e orar
pela alma do Padre Francisco Sampaio e com a sua intercessão, rogaremos ao Padroeiro que
uma brisa de perdão e civilização volte a soprar e pairar sobre a cidade.
Nilson Machado de Azevedo
nilsonazevedo@globo.com
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