Não constitui novidade histórica a intensa participação dos banqueiros e seus bancos privados no golpe de Estado que depôs em 1964 o presidente constitucional João Goulart.
Nem o financiamento do aparato repressivo de
tortura, morte e desaparecimentos forçados, por parcela expressiva de donos de
instituições financeiras, nas décadas de 1960 e 70.
O que é incrível, a julgar pela agenda 2014
distribuída pelo Itaú a clientes, é que o tempo pareça ter congelado. No dia 31
de março, a agenda registra o “aniversário da revolução de 1964″.
Como reconhecem as consciências dignas, não houve
uma “revolução'' meio século atrás, e sim um golpe desferido com as armas da
sociedade golpista entre segmentos militares e civis, como os banqueiros
(alguns viraram ministros).
“Revolução'', em referência à instauração da
ditadura, é palavra consagrada na boca de marechais e generais como Castello
Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, os presidentes-ditadores do
ciclo encerrado em 1985.
Quem falava “revolução'' eram torturadores como o
delegado Fleury, o policial Borer e o então major Ustra _este, vivo, fala até
hoje.

Pior ainda, o “aniversário da revolução de 1964″
está na agenda no mesmo contexto festivo de outras datas: deveria ser
celebrado, feito o dia internacional do livro infantil (2 de abril) e o dia do
obstetra (12 de abril).
Já se passaram 50 anos. Passaram mesmo?
Outro lado
Na tarde desta quinta-feira, a pedido do blog, o
Itaú se pronunciou sobre o post acima, publicado ontem.
Eis a íntegra da manifestação, solicitada na
quarta-feira:
“O Itaú Unibanco informa que a agenda distribuída
aos clientes conta com informações sobre datas relevantes ao longo do ano. O
banco é apartidário e, em hipótese alguma, pretende defender uma posição
política no conteúdo entregue aos correntistas.” Pois sim!
Fonte: Blog do Magalhães