Florbela Espanca se despede com a seguinte frase: … "não há gestos novos nem palavras novas".
Assim, às duas horas do dia 8 de dezembro de 1930 – no dia do seu aniversário- Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se na cidade portuguesa de Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal, um sonorífero extremamente forte e particularmente nocivo para doentes pulmonares ou cardíacos, o que era o caso de Florbela. Os dois frascos de Veronal, ingeridos com a intenção premeditada de suicídio, foram encontrados debaixo da cama da poetisa, completamente vazios.
Curiosamente, a poetisa nasceu a 8 de Dezembro (1894), casou-se a 8 de Dezembro (1913), suicidou-se a 8 de Dezembro (1930), foi batizada na Igreja de Nª Sª da Conceição, aos 8 anos e lecionou no Colégio de Nª Sª da Conceição, em Évora.
O dia 8 de Dezembro era ainda o dia das Mães, da mãe que Florbela não conheceu bem e que não foi a sua educadora "não me recordo nem da cor dos seus cabelos..." diz um dos seus versos.
A seguir um dos seus emblemáticos sonetos:
EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
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