Dizem por aí que o rio já não enche a mesa do pescador. Que a água está suja e que os peixes não querem nadar no São Francisco, nem fisgar a isca que fica na ponta do anzol. Mesmo quem sai de casa bem cedinho não consegue chegar com o barco cheio, observa aqueles que vivem em simbiose com o rio.
Todo mundo dá palpite e muita gente faz alarde, mas quem sabe mesmo dos prazeres e as dores de viver ao lado de um São Francisco degradado são os pescadores. Honório é um deles. Com 50 anos de vida na beira do rio, Honório diz que nunca teve motivos para reclamar da pesca porque de dois em dois anos tinha enchente.
Apesar dos problemas que as enchentes trazem, são elas que alimentam o Velho Chico pois quando ela chega a água vai para as lagoas, onde estão armazenados os peixes, e os leva para o rio. Quando há seca e a falta de enchentes, a situação torna-se crítica. "Depois que acabaram as enchentes acabou o peixe", diz Honório.
A esse problema se somam outros, como a poluição provocada pelas indústrias e pela rede de esgoto lançada diretamente no rio, a provocar mortandade dos peixes, tornando insalubre a água.
O resultado do despejo sanitário in natura pode ser sentido ao longo do Velho Chico, a exemplo do braço ou Ipueira que margeia Xiquexique. Os índices de coliformes fecais são detectados a olho nu. “Aqui a situação é mesmo precária. A gente vê as fezes caindo direto no rio”, reclama o pescador Moisés Oliveira de Souza, 31, do bairro das Pedrinhas, que fez questão de ir à margem e mexer numa espécie de lama fétida para mostrar o nível de sujeira.
No perímetro urbano de Xiquexique jogam-se detritos diretamente nas águas da Ipueira.
A quem apelar?
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