Perguntaram-me, outro dia, se eu trabalho ou se vivo
flauteando tal qual um vagante deitado numa rede à beira do mar da
Bahia, de pernas para o ar ou coisa que o valha, enquanto eles, meus
intrépidos questionadores, dizem que ralam à beça, dando um duro danado, para
conseguir colocar o feijão com arroz em casa.
Feito este exórdio, resta-me revelar que na
condição de estagiário de direito, trabalho igual a um condenado em regime semi-aberto. Acordo,
diuturnamente, antes do nascer do sol e ainda na alvorada vou para o escritório
onde passo algumas manhãs, tardes e noites, a depender do horário das aulas na
faculdade, colhendo no computador jurisprudências para o arrazoado do chefe do escritório.
Nós estagiários jamais perdemos prazos processuais aqui neste escritório de famosos juristas baianos, tanto é que no dia de Santo Ivo, que este ano caiu numa sexta-feira 13 à noite, bem assim em todo 11 de agosto de cada ano, estamos a comemorar, num boteco no Largo do Campo da Pólvora, que fica defronte ao vetusto Forum Rui Barbosa, bebendo batida de limão e comendo galinha de molho pardo aprontada pela bela afro-greco-baiana Têmis, no intuito de que esqueçamos, momentaneamente, do Vade-Mecum e das doutrinas que nos perseguem.
1 comentários:
Vou abrir uma questão contra uma loja de auto peças por vender umas peças empenadas que lascou com meu carro e acho que vou contratar este estagiário.
4/12/14 08:12Postar um comentário
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