Paris tem glamour, também
tem mendigos, ladrões e preços altíssimos. No metrô, a situação é
vergonhosa. As pessoas pulam as catracas para viajar de graça. Até senhoras idosas tentam embarcar no metropolitain de graça. Há batedores
de carteira, há os ridículos ladrões do manjadíssimo golpe do anel e o que é
pior: nos horários de pico, os ladrões mirins avançam nas pessoas para
roubarem bolsas, mochilas e o que encontrar mais facilmente nos turistas que
dão “bobeira”, inclusive turistas cariocas. Isso mesmo. Cariocas. Só não vi,
ainda, um xiquexiquense. Mas vejo, ali no marché aux puces, um casal
cearense.
Há sempre uma confusão no
metrô ou no trem. Algo patético e inacreditável pela cena indigna e risível. Hoje mesmo presenciei um roubo e um enorme tumulto.
Um policial apareceu e saiu correndo
pra prender o ladrão, mas ele escapou. O sujeitinho com ares de "boneca" fugiu gritando em
francês, “Je ne suis pas pickpocket” (Eu não sou batedor de carteira). Alguns parisienses afirmam, preconceituosamente, que os ladrões
“são gente originária do Leste Europeu”.
O certo é que os ladrões e as
ladras de Paris, a maioria adolescente, se espalham correndo para todo lado, ninguém sabe
quem foi o ladrão ou se falta interesse da polícia parisiense em prendê-los.
A tática é sempre a mesma dentro do metrô ou nos trens que partem
do Aeroporto Charles De Gaulle, quando o turista dá vacilo ao entrar no vagão do trem com destino ao centro ou ao bairro de Saint Germain des Près, o Quartier Latin, aonde fica a Universidade de Sorbonne.
Tanto faz no final da escada rolante, como na rua , nos pontos turísticos, nas varandas dos cafés e restaurantes, jovens, algumas grávidas ou crianças ainda, rodeiam o turista e criam uma situação confusa, pedem assinaturas ou pisam nos pés da vítima. A pessoa se distrai, tenta entender o que está acontecendo e quando consegue se afastar já foi roubada há muito tempo. Muitos não percebem o ato e nenhum francês intervém.
Já com relação aos preços, uma simples
mochila que no Brasil custa 100 Reais, em Paris custa 400. Parece que os
franceses estão desesperados por dinheiro. Coisa que não vi na Inglaterra e na Alemanha onde
preços mais justos são praticados. E quanta tristeza sentir que a "Cidade Luz", uma
das maravilhas do mundo ocidental, que por sorte não foi destruída pelos nazistas de Hitler, no final da Segunda Guerra Mundial, esteja em crise , sem fôlego para reagir contra a decadência de costumes, enquanto um conhecidíssimo político brasileiro, de ultradireita, desfila pela Avenida Champs-Elysèes, dirigindo uma Ferrari amarela.
Em Paris, repito, o glamour em decadência
convive, lado a lado, com ladrões, mendigos e medo.
É por essas e outras experiências que angariei na França, e após três meses de Sorbonne, concluo que não ficarei mais aqui. Somente retorno para turismo coletivo acompanhado de brasileiros progressistas e de curiosidade crítica.
Voltarei, enfim, para a Bahia,
mesmo que o meu retorno não tenha nenhuma semelhança com o protesto musicado em versos pungentes do compositor Paulo Diniz: “I don't want to
stay here I wanna to go back to Bahia".
Está, portanto, decidido e sacramentado: Amanhã mesmo eu volto para a Bahia e, quem sabe, estarei anônimo em XiqueXique, como já estive este ano, quando num barco a motor, fretado em Euros, fotografei as dunas do Icatu para uma revista francesa..
Nilson Machado de Azevedo
4 comentários:
Pelo visto, este foi o seu Último Tango em Paris.
4/12/14 23:38Não precisa ir pra paris não pois aqui no Xique-Xique tem mais ladrão do que gente.
5/12/14 14:13Nilson, que barato é esse que vc tá falando? Eu já estive em Paris e não vi nada disso.
5/12/14 14:17Lamentável a transformação do belo em algo que provoca medo, angústia, mas, também provoca reflexões...
5/12/14 16:54“Há nada no mundo por muito mau que seja que não tenha um lado bom”
Mas, o contrario também é verdade:
“Há nada no mundo por muito bom que seja que não tenha um lado mau”
Sempre bons teus artigos.
Abraço fraterno e poético.
Reinadi.
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