O governo indonésio anunciou que vai fuzilar outro brasileiro, também acusado de
tráfico de drogas naquele país do sudeste da Ásia. Em um dos seus argumentos perante o presidente
da Indonésia, Joko Widodo, visando obter clemência para o condenado Rodrigo Gularte, a
presidente Dilma Rousseff mencionou que o ordenamento jurídico brasileiro não
comporta a pena capital.
O Brasil aboliu a pena de morte para crimes
comuns na primeira Constituição republicana, em 1891. A principal finalidade da
pena de morte era reprimir e amedrontar os escravos, por isso foi retirada do
Código Penal com a libertação dos escravos, em 1888. "Com a abolição
acabou-se a principal razão da existência da pena de morte no país",
diz Carlos Marchi, autor do livro Fera de Macabu.
Mas a pena de morte ainda é mantida para suposto “tempo de guerra”. A ditadura militar
de 1964 a restabeleceu, mas não a usou
oficialmente no seu primeiro condenado
oficial, Theodomiro Romeiro dos Santos que atualmente se encontra aposentado como Juiz do Trabalho.
Os
opositores que a ditadura militar assassinou, foram mortos em execuções
extrajudiciais, sem passar por processos jurídicos.
Hoje, o inciso 47 do artigo 5º da Constituição, diz que "não haverá
penas de morte, salvo em caso de guerra declarada". Os crimes que
podem levar a essa punição estão descritos e elencados no Código Penal Militar de 1969, da época da
ditadura. Ele afirma que a pena deve ser executada por fuzilamento,
exatamente o mesmo método que está sendo aplicado na Indonésia. A morte por fuzilamento em terras brasileiras é prevista para os
casos de traição (pegar em armas contra o Brasil, auxiliar o inimigo), covardia
(causar a debandada da tropa por temor, fugir na presença do inimigo),
rebelar-se ou incitar a desobediência contra a hierarquia militar, desertar ou
abandonar o posto na frente do inimigo, praticar genocídio e praticar crime de
roubo ou de extorsão em zona de operações militares, entre outros.
Todos nós sabemos que a pena de morte existe em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e em todas as grandes cidades, apesar de não ser institucionalizada, como instrumento policial. Há também milícias que se especializaram nisso.
Uma pesquisa feita pelo Grupo de Estudos sobre
Violência e Administração de Conflitos da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar), com dados oficiais, aponta que o número de negros mortos em
decorrência de ações policiais para cada 100 mil habitantes em São Paulo é três
vezes maior que o registrado para a população branca. Os dados revelam que 61%
das vítimas da polícia no estado são negras, 97% são homens e 77% têm de 15 a
29 anos. Já os policiais envolvidos são brancos (79%), sendo 96% da Polícia
Militar. Ou seja, o racismo institucionalizado.
O ano de 2014 entrou para a história como um
dos anos mais sangrentos em São Paulo. O
governador Geraldo Alckmin (PSDB) e sua polícia conseguiram matar mais em 11
meses (506 até novembro) do que em todo 2006, ano em que a polícia revidou os
chamados “ataques do PCC” e ceifou 495 vidas. O governo Alckmin quebrou seu
próprio recorde!
Infelizmente no Brasil de maneira geral, a pena
de morte é aplicada cotidianamente por um "tribunal de rua" que não tem nenhuma
legitimidade para isso.
Apesar da presidente Dilma ter
feito o pedido de clemência ao governo da Indonésia, no Brasil há pena de morte, informal, extrajudicial, seja das
polícias que matam os pobres e negros, seja mantendo-se a ilegalidade das drogas
que não deixa de ser um fato gerador de mais mortes no Brasil.
PSTU
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!