Peço licença para parodiar o poeta maluco beleza, pois essa pergunta martela
na minha cabeça desde a noite do último domingo, 8 de março. Li, naquela mesma
noite, em sites de noticias, que haviam acontecido manifestações em prédios de
bairros nobres de algumas capitais brasileiras no momento em que a presidente
Dilma se pronunciava pela passagem do Dia Internacional da Mulher e sobre
os ajustes que estão sendo feitos para combater a crise econômica que atinge
nossa economia e de vários países. Manifestações essas mobilizadas pelas redes
sociais no domingo.
Pois bem. Será
que essas panelas batem por que não há carros de luxo para pronta entrega nas
concessionárias, já que a oferta está muito menor do que a demanda? Será que
batem por que as filas de espera em restaurantes de luxo continuam grandes? Ou
será que batem por que as viagens a Miami e os gastos de brasileiros no
exterior continuam crescendo? Talvez seja.
Só tenho certeza que elas não batem pelos milhões de brasileiros que nos
últimos anos, durante os governos Lula e Dilma, deixaram a linha da pobreza. Ou
pelos outros milhões que chegaram à classe média. Assim como não batem pelos
milhões de brasileiros que, desde a chegada de Lula à presidência, conseguiram
ingressar em um curso superior, seja pela criação de milhares de vagas em
universidades públicas ou beneficiados pelo PROUNI ou FIES.
Sei que elas não batem por aquelas milhões de famílias que hoje têm um
teto para morar graças ao programa Minha Casa, Minha Vida. Nem pelos milhões
que conseguiram comprar o seu carrinho ou andar de avião pela primeira vez nos
últimos anos. Sim, paradoxalmente as panelas não batem por aqueles que mais
precisam do Estado em nosso País.
Leonardo Boff, em recente artigo
intitulado "O que se esconde atrás do ódio ao PT?", explica bem esse
fenômeno.
Entendo como democráticas manifestações de opiniões contrárias. Pois é
com o contraditório que construímos os melhores caminhos.
É pelo confronto dei deias que elaboramos os consensos necessários à democracia.
Contudo, quando
manifestações são instrumentalizadas para a defesa de interesses mesquinhos e
externos ao nosso País, não posso calar-me. Sim, o momento é difícil. Demandará
ajustes duros em alguns casos. Mas nada, absolutamente nada parecido com que os
representantes que articulam hoje essas manifestações fizeram quando estavam no
governo.
Os interesses da imensa maioria dos brasileiros foram e sempre serão
defendidos pelos governos do PT. A nossa opção pelos mais pobres, pelos
trabalhadores e trabalhadoras, pelos pequenos e microempresários, pelo pequeno
agricultor é clara e manifesta. E desta linha não nos afastaremos.
Aqueles que têm tido seus interesses contrariados - em especial o grande
capital especulativo internacional e os seus representantes aqui no Brasil, que
manifestadamente instrumentalizam uma falsa crise para mobilizar a classe média
alta brasileira, apostando no ódio contra o PT e a presidenta -, tenham a
certeza de que mais uma vez perderão. Pois a esperança vencerá. E a esperança
estará nas ruas sempre que a construção deste País mais justo, igualitário e
forte for colocada em risco por oportunistas ingênuos ou mal intencionados.
Luiz Marinho
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