Otávio Frias Filho,
um dos donos da Folha de S. Paulo, acredita que sim e foi isso o que ele fez,
neste domingo, ao conceder à presidente Dilma Rousseff sua "última
chance" de se manter no cargo para o qual foi eleita com 54 milhões de
votos; no editorial de primeira página, fora dos padrões da Folha, Otavinho
cobrou de Dilma que promova um corte draconiano das despesas do Estado; caso
contrário, ele sugere que passará a apoiar seu impedimento; para um jornal que
carrega a mancha de ter colaborado com a ditadura militar, não pega nada bem
ameaçar contribuir para a deposição de uma presidente legitimamente eleita;
aliás, se Dilma não aceitar as ordens de Frias, o que ele fará? Apontará os
canhões da Barão de Limeira para o Palácio do Planalto.
Imagine o que
aconteceria se Rupert Murdoch, dono do Wall Street Journal, resolvesse dar um
ultimato público ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama? Ou você faz o
que eu mando, Obama, ou pula fora da Casa Branca – não, apesar de toda a
fortuna e o poder de que dispõe, nem Murdoch chegaria a tanto.
Porém, guardadas as
proporções, foi isso o que fez o empresário Otávio Frias Filho, um dos donos da
Folha de S. Paulo, ao publicar, neste domingo, um editorial que
"concede" a Dilma aquela que seria sua "última chance" de
se manter no cargo para o qual foi eleita com 54 milhões de votos.
No texto, Frias
Filho, que não teve nenhum voto, dá diversas ordens a Dilma:
– Medidas extremas
precisam ser tomadas...
– Cortes nos gastos
terão que ser feitos com radicalidade sem precedentes...
– A contenção de
despesas deve se concentrar em benefícios perdulários da Previdência...
– As circunstâncias
dramáticas também demandam um desobrigação parcial e temporária dos gastos
compulsórios em saúde e educação...
Entre outras
medidas, o dono da Folha exige ainda a contenção dos salários dos servidores
públicos, num pacote que prevê a redução drástica do Estado brasileiro – em
especial dos seus gastos sociais.
Sem entrar no
mérito do diagnóstico da Folha, o que aconteceria com a presidente Dilma se não
seguisse as ordens ditadas da Avenida Barão de Limeira, no centro de São Paulo,
onde está a sede do jornal?
"Serão
imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade, a iniciativas desse
tipo. O país, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco:
não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas
responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa", diz
Frias Filho.
Ou seja: ou Dilma
aceita ser sequestrada pela agenda econômica da Folha de S. Paulo ou o jornal
apoiará sua deposição – ainda que ela tenha sido eleita, de forma legítima, há
menos de um ano.
Nada mal para um
jornal que ainda não curou as feridas de um passado ainda recente, quando
apoiou a ditadura militar não apenas em seus editoriais, mas também emprestando
veículos para a repressão.
Aparentemente, Dilma ainda não se
rendeu. Na reunião ministerial de ontem, determinou cortes entre R$ 15 bilhões
e R$ 20 bilhões no orçamento federal – muito pouco para saciar a fome da Folha.
E pode até ser que o editorial deste domingo tenha efeito inverso ao desejado
por quem o redigiu.
Brasil247
Brasil247
2 comentários:
Bem feito. A Dilma e o PT ficam aí parados? Porque também não parte para o ataque e manda esses felas da puta pru paredão?. Tá na hora de mudar o jogo, Dilma. Vamo botar pra efe Dilma. Vamos lascar com eles.
13/9/15 18:52Se houver golpe, o pau vai comer solto.
14/9/15 07:41Vai ser guerra civil no Brasil.
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