Não tenho procuração nem de Jaques Wagner nem de José Sérgio Gabrielli para defendê-los.
Aliás, sequer
conheço qualquer um dos dois.
Mas há algo
estranhíssimo neste documento de delação de Nestor Cerveró – vazado ilegalmente
– apreendido de posse – ilegal – de Delcídio Amaral e, de novo, vazado para o
jornal Estadão.
Segundo o texto,
Gabrielli teria decidido transferir para Salvador – uma das importantes sedes
da Petrobras, desde sua fundação – uma parte do setor financeiro da empresa.
""Para tanto, foi construído um grande prédio em Salvador, onde
atualmente é o setor financeiro da Petrobrás.", diz o documento. Aí, teria
escrito Cerveró, foi construído um prédio e, desta obra, parte dos recursos
teria ido irrigar a campanha de Jaques Wagner ao governo baiano em 2006, mas
que "não se lembra" por intermédio de que empreiteira teria
construído o edifício.
Bem, não sei se
Wagner recebeu dinheiro de tal ou qual empreiteira e não tenho como afirmar que
tenha sido legal ou ilegal qualquer doação.
Mas, ao que parece,
sou capaz de ir procurar informações para saber se isso coincide ou não com os
fatos.
Aí encontro na
página oficial da Petrobras a cobertura do lançamento da pedra fundamental de
seu edifício na capital baiana, é fato. O mesmo em outras publicações baianas.
Só que em 19 de
dezembro de 2011. Quer dizer: a obra começou mais de cinco anos depois da
eleição de Wagner pela primeira vez ao
Governo da Bahia e mais de um após a sua reeleição.
Por mais que eu
tente, não consigo atinar como foram feitos pagamentos – que seriam desviados
para a campanha – com mais de cinco anos de antecedência!
Em qualquer lugar
do mundo, obra é paga à medida de sua realização e atestada a execução. Pode
haver fraude no preço ou na medição (que é como se chama o "confere"
que se faz para pagar uma fatura de "X" reais). Nem sequer digo que
não haja, porque não conheço propina paga antes de receber-se e com cinco anos
de antecedência.
Em sua defesa,
Gabrielli mostra – comprovando com reportagem de jornal – que a mudança do
setor financeiro se deu em 2008, para prédio já ocupado pela empresa, que
recebeu reforma a partir de 2007. Cerveró se refere especificamente à
construção de "um grande prédio", o que não é o caso de uma mera
reforma em um já existente. E cita como testemunhas duas pessoas que já
morreram, convenientemente.
Agora, é de doer
que seja aceito como "delação" para fins de reduzir a pena de um
ladrão com a história do "não me lembro qual foi a empreiteira, mas todo
mundo sabia".
Ouviu na
"Rádio Corredor"?
Passamos ao
vale-tudo para atingir a honra das pessoas, faz tempo.
A história não tem
densidade para render uma matéria, que dirá para render um processo, como o que
há ali.
Muito menos para
valer perdão ou redução de penas para quem desviou milhões e menos ainda para
atingir outras pessoas na base do "ouvi falar" e do "todo mundo
sabia".
É preciso que haja um mínimo de
verificação antes de se acusar alguém tão gravemente.
Os pérfidos do PSDB
deveriam saber que Jaques Wagner é bom capoeirista.
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