Faltam menos de dez dias para que o vice-presidente Michel Temer assuma a presidência da República por meio de um atalho: o impeachment da presidente Dilma Rousseff, sem crime de responsabilidade, que já passou pela Câmara dos Deputados e vem sendo apreciado pelo Senado Federal.
No entanto, em vez de se preservar, Temer vem demonstrando afobação. No dia 17 de abril, o domingo em que a Câmara registrou a sessão mais extravagante de sua história, para votar um golpe em pleno domingo, sob o comando daquele que talvez entre para a história como o político mais corrupto da história do País, Temer divulgou à imprensa fotos de como acompanhou a votação. Ele sorria ao lado de aliados, vestindo a carapuça de um vice conspirador e golpista – e não leal à presidente que encabeçou a chapa que o elegeu.
Depois disso, Temer passou a conceder entrevistas absolutamente desnecessárias – e isso sem mencionar seus "vazamentos acidentais". Uma dessas entrevistas ocorreu ontem, no Jornal Nacional, quando ele disse ao repórter Gerson Camarotti que poderá nomear como ministros peemedebistas investigados na Lava Jato. Dois nomes que já são dados como certos em sua equipe são os do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o do ex-ministro Henrique Eduardo Alves.
Hoje, no Globo, Temer foi mais explícito. Disse que seu governo acabaria antes de Jucá ser inocentado. E afirmou ainda que seria demagogia fazer qualquer juízo sobre o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que conduziu o impeachment que pode levá-lo ao poder.
Além disso, ele demonstrou um caráter vacilante, ao sinalizar que não cumprirá promessas, como as de fechar ministérios. “Não sei se terei condições de diminuir o número de ministérios. Veja o Ministério da Cultura. Minha ideia era fundi-lo com a Educação, mas o pessoal do setor reclamou muito. Acho que cortarei no máximo uns três ministérios. Queria juntar o Desenvolvimento Agrário com a Agricultura, mas os setores não se conformaram.
Pretendia também pôr dentro da Justiça o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, mas não será possível" (leia aqui).
Até agora, portanto, Temer apenas frustou seus aliados e consolidou uma imagem de conspirador apressado. Na prática, queimou seu capital político, já pequeno, uma vez que não está chegando ao poder pelo voto, antes mesmo de assumir a presidência
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