Ao que
tudo indica, o Brasil terá novas eleições presidenciais, e talvez gerais, ainda
em 2016. O que desmoronou, depois da Lava Jato, não foi apenas o regime
petista, mas sim todo um sistema político erigido sobre o financiamento de
campanha empresarial.
O que as
delações mais recentes demonstraram é que não há força política viável, do
ponto de vista eleitoral, que não tenha sido contaminada pela promiscuidade
entre o dinheiro privado e a agenda pública.
O que
fica claro, a cada novo áudio, nova denúncia, é que o governo interino de
Michel Temer tem prazo de validade. Ciente de sua absoluta impopularidade, ele
se refugiou nos palácios, mandou a polícia cercar sua casa em São Paulo e não
colocou os pés nas ruas. Manter um governo nessas condições, com o perdão do
trocadilho, é uma temeridade num país que, dentro de poucas semanas, será a
vitrine do mundo com a realização da Rio 2016.
Portanto,
é urgente devolver a democracia plena ao povo brasileiro – o que passa,
necessariamente, pela anulação do golpe parlamentar de 2016, que já passou
pelas etapas de 17 de abril, na Câmara, e 12 de maio, no Senado, mas ainda não
superou sua barreira final, prevista para meados de agosto.
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A
presidente Dilma Rousseff, por sua vez, embora tenha um mandato legítimo para
cumprir até 31 de dezembro de 2018, tem ciência plena de que, hoje, não reúne
condições para governar com o Congresso que aí está. Portanto, a saída mais
sábia será transferir à população brasileira não apenas o direito de escolher,
mas o dever de apontar saídas para o impasse atual por meio de um plebiscito. A
democracia passa por sua volta, mas ela terá que exercitar o desapego. Se, no
plebiscito, a população decidir por sua permanência, que assim seja.
Essa
consulta popular, que começou a ser articulada pelo senador Roberto Requião
(PMDB-PR), já teria o apoio de 30 senadores – mais do que os 27 necessários
para barrar o impeachment no Senado. Se a decisão vier a confirmar a tese de
novas eleições, o ideal seria que envolvesse não apenas a presidência da
República, mas também todos os cargos da Câmara e do Senado, para que o futuro
governo possa dialogar com um parlamento que não tenha sido sequestrado pela
lógica do dinheiro. Afinal, de nada adiantaria ter um novo governo submetido ao
modelo de extorsão do Executivo pelo Legislativo.
Leonardo Attuch
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