O juiz que assina a
decisão de transformar o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva em réu é
Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília. Leite é
conhecidíssimo, mas não por sua eficiência. Bem ao contrário.
Juiz da Operação
Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da
Receita, o juiz que transformou Lula em réu teve a capacidade de ser denunciado
pelo próprio Ministério Público Federal.
Reportagem
publicada pela Folha, em 20 de junho de 2015, mostrava o Ministério Público
reclamando de várias decisões judiciais de Ricardo Augusto Soares Leite que
dificultaram a obtenção de provas contra os fraudadores da Receita..
"O juiz
Ricardo Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu
escuta telefônica e não autorizou buscas e apreensões."
"A
Procuradoria já representou contra Leite na Corregedoria do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 1ª Região, em abril. Segundo a Folha apurou, se nenhuma
medida for adotada pela corregedoria do Tribunal, a Procuradoria da República
no Distrito Federal vai recorrer ao Conselho Nacional de Justiça."
"Segundo a
polícia, multas contra empresas somando R$ 19 bilhões tiveram o julgamento
alterado pela ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão."
Pois não é que
exatamente esse juiz da 10º Vara Federal, que, segundo o próprio Ministério
Público Federal, dificultou a punição dos fraudadores da Receita, é exatamente
esse o homem que transformou Lula em réu?
A Justiça é cega
mesmo?
E a imprensa
golpista? Não percebeu também que esse nome já era dela conhecido?
Aqui a reportagem
da Folha, publicada há pouco mais de um ano:
Procuradoria quer
afastar juiz que apura corrupção em conselho
LEONARDO SOUZA
DO RIO
DO RIO
20/06/2015 02h00
O Ministério Público Federal quer o afastamento do juiz Ricardo Augusto Soares Leite da 10ª Vara Federal de Brasília. Leite é o juiz da Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita.
O Ministério Público Federal quer o afastamento do juiz Ricardo Augusto Soares Leite da 10ª Vara Federal de Brasília. Leite é o juiz da Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita.
Segundo a polícia,
multas contra empresas somando R$ 19 bilhões tiveram o julgamento alterado pela
ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão.
O Ministério
Público, no entanto, disse que não conseguirá anular a maioria dos casos,
porque várias decisões judiciais dificultaram a obtenção de provas.
O juiz Ricardo
Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu escuta
telefônica e não autorizou buscas e apreensões.
A Procuradoria já
representou contra Leite na Corregedoria do TRF (Tribunal Regional Federal) da
1ª Região, em abril. Segundo a Folha apurou, se nenhuma medida for adotada pela
corregedoria do Tribunal, a Procuradoria da República no Distrito Federal vai
recorrer ao Conselho Nacional de Justiça.
Juiz substituto, o
magistrado está há aproximadamente dez anos no comando da 10ª Vara,
especializada em julgamentos de crimes de lavagem de dinheiro.
VAMPIROS
Nesse período,
passaram pelas mãos de Leite casos como o da máfia dos Vampiros, o de Maurício
Marinho (Correios), Waldomiro Diniz (Casa Civil) e o da quebra do sigilo
bancário do caseiro Francenildo (veja quadro ao lado).
Na representação à
corregedoria do TRF, à qual a Folha teve acesso, os procuradores relatam o que
classificam como "a existência de um crônico e grave quadro de
ineficiência" na atuação do juiz Ricardo Leite.
Procurado por uma
semana na Justiça Federal no DF, ele não quis dar declarações (leia texto ao
lado).
De acordo com o
documento, o magistrado prejudicou o andamento dos processos por demorar para
tomar decisões simples e por empregar expedientes jurídicos vetados pelo STJ
(Superior Tribunal de Justiça) e pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Os procuradores dão
exemplos de como "a extrema morosidade" no trâmite dos processos na
10ª Vara gera "substanciais prejuízos" ao país.
Na Operação
Vampiro, deflagrada em 2004, o STJ negou um recurso impetrado pelos réus e
autorizou, em 2010, o andamento regular do processo. A ação penal só foi
retomada pela 10ª Vara, porém, em fevereiro de 2012.
A Justiça suíça
bloqueou recursos nos nomes de alguns dos réus. O dinheiro não foi repatriado
para o Brasil porque até hoje não há uma decisão definitiva sobre o caso.
Na representação ao
TRF, o MPF pede que a corregedoria instaure procedimento avulso contra o juiz e
uma correição extraordinária na 10ª Vara Federal. Entre as punições previstas
que podem ser aplicadas ao juiz, estão advertência, remoção para outra vara e
até mesmo aposentadoria compulsória.
Na correição
extraordinária, seria feito diagnóstico completo da Vara para acelerar o
andamento dos processos. Nos próximos dias, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
vai na mesma direção: solicitará ao CNJ a instauração de sindicância e processo
administrativo disciplinar contra o juiz. Segundo Pimenta, relator da
subcomissão da Câmara criada para acompanhar a Zelotes, a atitude do juiz
Ricardo Leite tem "prejudicado sobremaneira a apuração dos fatos".
OUTRO LADO
A Folha fez
diversos contatos com a assessoria de imprensa da Justiça Federal em Brasília,
por mais de uma semana, pedindo uma entrevista com o juiz Ricardo Augusto
Soares Leite para que ele comentasse as reclamações da Procuradoria.
Ele não ligou de
volta.
A reportagem também
mandou e-mails para a assessoria, mas as mensagens não foram respondidas.
Em audiências
realizadas na Câmara pelo relator da subcomissão para acompanhar a Operação
Zelotes, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), delegados da Polícia Federal e
procuradores da República encarregados do caso reclamaram publicamente do
comportamento do juiz Soares Leite.
Frederico Paiva,
procurador que coordena as investigações de fraude em julgamentos do Carf,
disse que os pedidos de prisão negados por Leite eram importantes para impedir
que os investigados combinassem os depoimentos.
"Ele [o juiz] tem um histórico
de acúmulo de processos, um comportamento que chama atenção e deveria ser
examinado de perto", disse Paiva numa das audiências públicas.
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