A lama decorrente do rompimento de um
reservatório de rejeitos da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), há 30 dias,
poluiu a represa da hidrelétrica de Retiro Baixo e segue em direção ao lago da
represa de Três Marias, uma das maiores da Região Sudeste.
Há riscos dos rejeitos atingirem o rio São Francisco que fica próximo à represa de Três
Marias.
O São Francisco percorre cinco estados (Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas) e sua bacia envolve 521
municípios distribuídos em sete estados.
As previsões do
ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, se confirmaram e o
governo poderá determinar a paralisação parcial da usina hidrelétrica, na
tentativa de impedir que os rejeitos cheguem ao Rio São Francisco.
Em reunião da
comissão externa da Câmara dos Deputados de monitoramento do desastre, na
véspera, Canuto lembrou que a barragem de rejeito de minérios se rompeu no fim
de janeiro deixando um mar de lama e destruição na cidade mineira.
Até a última quarta-feira, foram confirmadas 171 mortes; mas ainda há 141
pessoas desaparecidas.
Na roça
A água do rio
Paraopebas, que alimenta a usina de Retiro Baixo, está completamente tomada
pela lama. Moradores de cidades mineiras que usavam o manancial para
abastecimento, ainda sofrem com a tragédia.
Quando a água
começou a mudar de cor, o produtor rural Charles Constantino Barreto desmontou
o sistema de irrigação correndo.
— Não tenho coragem
de pôr a mão nessa água mais. E não vou deixar nenhum companheiro meu pôr a mão
nela aqui para molhar alguma coisa dentro da roça. A gente não sabe o que tem
dentro dela — disse, a jornalistas.
Turbidez
A água do Paraopeba
era fundamental na irrigação dos 150 mil pés de banana na fazenda de Charles,
que fica a mais de 60 quilômetros em linha reta de onde a lama caiu no rio
Paraopeba.
No dia do
rompimento, 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério desceram pelo
vale no pé da mina de Córrego do Feijão e arrasaram tudo que estava no caminho;
sete quilômetros adiante a lama caiu no Rio Paraopeba.
A lama chegou a
bloquear a passagem da água, mas foi se diluindo aos poucos e seguiu a
correnteza, manchando o rio com uma cor de chocolate. As primeiras análises da
água, em Brumadinho, apontaram um índice de 63 mil NTUs, que mede a turbidez da
água, 630 vezes acima do aceitável.
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