Eu vendo a minha honra

Com a globalização e o mundo cada vez mais capitalista, nada passou a ter mais valor que dinheiro e poder para aqueles que vêem como único Deus, o ter ou ser. Não ter, caráter, valores, conhecimento, etc., não ser, íntegro, bondoso ou honesto. E sim ter riquezas para comprar os que estão à venda, e poder para manipular a força os que ainda resistem a vender a própria alma.

Nesta busca desenfreada pela cobiça, homens e mulheres vendem a própria honra, corrompendo valores, isso quando os tem, com a única finalidade de manter-se, mesmo que momentaneamente, no poder em busca de facilidades e satisfações efêmeras. Assim, vemos pessoa que aparentemente tem estabilidade, corromper-se e silenciar aos desmandos de administradores, apenas pra lucrar mais com vendas e favores vindos do poder público. Assistimos constantemente outros que dizem defender a sociedade, mas que pensam com o bolso, vendendo a própria dignidade para manter-se ligados as benesses que o poder faculta. Para refrescar a memória do caro leitor, lembrem quantos daqueles que se dizem representantes do povo, já não passaram por no mínimo quatro grupos políticos. Quantos comerciantes que nunca definem uma posição política, esperando a hora certa para pular para o grupo do provável vencedor, para assim ter acesso às tetas gordas da prefeitura. E aqueles outros que metidos a espertos mantém em cada grupo um familiar pra quem ganhar arrastar os demais a comer do bolo.

Dentre estes, ainda que imoral, vendem a própria dignidade, mas tiram vantagens mesmo que custe a própria honra. Mas podemos perceber outros que além de corromper-se, se tornam verdadeiros testas de fero em troca do nada. São os apaixonados políticos, que em troca de pequenos favores se submetem a capachos e testa de ferro de poderosos e muitas vezes de gente igual ou menor que eles, apenas pra esta por cima da carne seca. Estes últimos se tornam valentes, por que tem a proteção do poder. Desrespeitam as leis, pois encontram anistia dos seus erros, infernizam a vidas daqueles que ocupavam o mesmo posto, pois arrogância é fruto das almas que não sabem que o poder é passageiro e da mesma forma que veio, vai.

Com a alternância de poder, os mais espertos que vivem de galhos em galhos sobrevivem, mesmo com imagem reduzida a lama, pois assim os vê a sociedade em que vivem. Os paus mandados, estes com a perda do fictício trono, se calam, se escondem a esperar uma nova oportunidade onde possa por mais uma vez arrotar suas fantasias de poder, e derramar sobre os perdedores da mesma estirpe que foram derrotados, mais uma vez a sua arrogância.

Por conta de tudo isso, será que vale mesmo tanto a pena assim vender a própria dignidade e ser encarado como uma pessoa sem valores, sem princípios? Como pessoas assim podem despertar a confiança de outros, se vendem a si mesmos por apenas uns trocados?

Do jeito que as coisas andam, não estranhem se um dia aparecer anúncios dizendo o seguinte: Minha honra está a venda, quem é o político que dá mais?
Edgardo Pessoa Filho - GAL