Xiquexique sem cultura rumo ao desconhecimento

Nossos periódicos, os mensários de Xiquexique, vez em quando chamam nossa atenção para dois fatos marcantes – a vida no lixão e a elevação cultural das Comunas barranqueiras. A lição que daí emerge é a seguinte: Nossa juventude necessita, mais do que nunca, de progredir culturalmente, para que não se encaminhe, de maneira tão triste, ao lixão do desconhecimento.


Vemos também ali que, da camada mais modesta e sofredora já surgiram e surgem os valores, os verdadeiros talentos, e poderíamos citar, à guisa de ilustração, alguns exemplos bem fortes: 01 – Humberto de Campos, foi lavador de garrafas num bar, aprendiz de alfaiate, empregado de um seringal no Amazonas, órfão aos 6 anos de idade, tendo ele sofrido, na sua adolescência, as mais amargas privações. Foi sempre um autodidata, elegendo-se para a Academia Brasileira de Letras em 1919, aos 33 anos de idade. No Pará foi secretário da Prefeitura e diretor do Jornal “A Província”. No Rio de Janeiro ele se ingressou no Jornal “Imparcial” que o consagrou no campo literário. 02 – José do Patrocínio, filho de escravos, viveu humildemente e, pela sua luta e tenacidade, tornou-se um brilhante jornalista. Como jornalista defendeu ardorosamente a abolição da escravatura, chegando a ser o notável herói daquela nobre campanha. 03 – Machado de Assis, filho de escrava, epiléptico, aprendiz de tipografia, gênio das letras que se revelou no trabalho de uma tipografia rudimentar do século XIX, fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Quando tinha 22 anos de idade, em 1861, lançou seu primeiro livro.


Convém se saiba que, as mais belas flores eclodem, surgem da esterqueira que serve de adubo às plantas. Dos horripilantes lixões sociais podem, sim, surgir talentos, conquanto que nossos Governantes tenham a sensibilidade cívica de buscarem uma solução prática e eficiente para esse gritante problema.


Nossos jovens xiquexiquenses merecem mais Faculdades em sua própria cidade, para se abeberarem dos bons ensinos que elas hão de ministrar-lhes, de modo a saírem dali preparados para a vida prática, sem o pesadelo dos tropeços que naturalmente enfrentam os que não recebem o ensino de nível superior. É a isto que se chama crescimento cultural.


Vamos nos espelhar nos exemplos acima mencionados, afim de que nossos jovens se tornem verdadeiros cactos humanos. Lutemos, pois, pela elevação cultural de nossa querida gente barranqueira, sem temores e vacilações de qualquer natureza.