Os “penitentes”, homens que se auto-flagelam durante a Quaresma, existem desde muito tempo nas cidades ribeirinhas do Rio São Francisco, mas parece que Xiquexique (BA) foi uma das cidades onde mais ocorreu essa prática .
Provavelmente desde o final do sec. XIX, durante a Quaresma e principalmente na Semana Santa, acontecia na cidade um evento que, apesar de se repetir todos os anos, deixava a comunidade local com grande expectativa e curiosidade. Eram as “lamentações”, ritual característico da idade média, realizadas perto da meia-noite, que tinham como principais protagonistas os “penitentes”, representados por pessoas do povo, pescadores e agricultores que, durante a Quaresma e, com mais intensidade, durante a Semana Santa submetiam-se a uma auto-flagelação como sacrifício pelo perdão dos pecados e certeza do ganho da felicidade no céu. A auto-flagelação a que se submetiam os "penitentes" era precedida pelas "lamentações", grupos formados principalmente por mulheres que à noite e em grupos, dirigiam-se para o cemitério e lá chegando iniciavam um rito que tinha como objetivo salvar as almas do purgatório.
Entoavam lúgubres cantos sacros que ecoavam pela silenciosa noite Xiquexiquense e eram ouvidos em quase toda a pequena cidade. Entre essas cantigas, tinha uma que sempre estava presente em todas as "lamentações" e assim dizia: "Senhor meu Deus, tenha piedade de mim" ; "Senhor meu Deus, pequei Senhor, tenha piedade de mim"; "Senhor meu Deus, pequei Senhor mas pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo tenha piedade de mim". Antes de iniciarem a auto-flagelação açoitavam as costas com galhos de faveleira, uma planta abundante e nativa no Município que tem nos espinhos das folhas um substância tóxica que ao atingir a pele e causar intensa dor, a torna relativamente insensível e anestesiada. Durante a flagelação, entoam cânticos religiosos e rezam pelos mortos, principalmente as almas do purgatório, por assim entenderem que as faltas graves, suas e dos que já morreram, serão perdoadas após o sacrifício.
Com a dispersão os “penitentes” se dirigiam à beira do Rio São Francisco para se banharem e dar um trato inicial aos cortes colocando água de sal e outros remédios caseiros para evitar maiores problemas. As “lamentações” e principalmente os rituais dos “penitentes” nunca foram pacificamente aceitas pelas autoridades Xiquexiquenses. Era comum, durante a Quaresma, a perseguição dos adeptos por parte da polícia que os escorraçavam para bem longe do perímetro da cidade e houve épocas em que os “penitentes” tiveram que se “cortar” no interior da caatinga a alguns quilômetros da sede do Município, para não perderem a continuidade da promessa dos 7 anos.
A Igreja católica, a depender do Pároco, adotava atitudes diversas, ora radicalmente contra ora fazendo vistas grossa. Assim, em Xiquexique, houve momentos em que era permitida a permanência dos penitentes na porta da Matriz do Senhor do Bonfim e outros em que nem na frente do templo poderiam passar. O Padre José de Oliveira Bastos (Padre Bastos), foi um dos mais liberais chegando, inclusive a permitir a visitação dos penitentes durante a vigília do Senhor Morto.
OBS. A fotógrafia que ilustra esta matéria é dos "penitentes" de Xiquexique durante um exercício de auto-flagelação. Confira à Matéria completa no Blog Xiquexique .
FONTE : BLOG XIQUEXIQUE DE JUAREZ CHAVES .
ACESSE: http://www.xiquexiquense.blogspot.com/
Provavelmente desde o final do sec. XIX, durante a Quaresma e principalmente na Semana Santa, acontecia na cidade um evento que, apesar de se repetir todos os anos, deixava a comunidade local com grande expectativa e curiosidade. Eram as “lamentações”, ritual característico da idade média, realizadas perto da meia-noite, que tinham como principais protagonistas os “penitentes”, representados por pessoas do povo, pescadores e agricultores que, durante a Quaresma e, com mais intensidade, durante a Semana Santa submetiam-se a uma auto-flagelação como sacrifício pelo perdão dos pecados e certeza do ganho da felicidade no céu. A auto-flagelação a que se submetiam os "penitentes" era precedida pelas "lamentações", grupos formados principalmente por mulheres que à noite e em grupos, dirigiam-se para o cemitério e lá chegando iniciavam um rito que tinha como objetivo salvar as almas do purgatório.
Entoavam lúgubres cantos sacros que ecoavam pela silenciosa noite Xiquexiquense e eram ouvidos em quase toda a pequena cidade. Entre essas cantigas, tinha uma que sempre estava presente em todas as "lamentações" e assim dizia: "Senhor meu Deus, tenha piedade de mim" ; "Senhor meu Deus, pequei Senhor, tenha piedade de mim"; "Senhor meu Deus, pequei Senhor mas pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo tenha piedade de mim". Antes de iniciarem a auto-flagelação açoitavam as costas com galhos de faveleira, uma planta abundante e nativa no Município que tem nos espinhos das folhas um substância tóxica que ao atingir a pele e causar intensa dor, a torna relativamente insensível e anestesiada. Durante a flagelação, entoam cânticos religiosos e rezam pelos mortos, principalmente as almas do purgatório, por assim entenderem que as faltas graves, suas e dos que já morreram, serão perdoadas após o sacrifício.
Com a dispersão os “penitentes” se dirigiam à beira do Rio São Francisco para se banharem e dar um trato inicial aos cortes colocando água de sal e outros remédios caseiros para evitar maiores problemas. As “lamentações” e principalmente os rituais dos “penitentes” nunca foram pacificamente aceitas pelas autoridades Xiquexiquenses. Era comum, durante a Quaresma, a perseguição dos adeptos por parte da polícia que os escorraçavam para bem longe do perímetro da cidade e houve épocas em que os “penitentes” tiveram que se “cortar” no interior da caatinga a alguns quilômetros da sede do Município, para não perderem a continuidade da promessa dos 7 anos.
A Igreja católica, a depender do Pároco, adotava atitudes diversas, ora radicalmente contra ora fazendo vistas grossa. Assim, em Xiquexique, houve momentos em que era permitida a permanência dos penitentes na porta da Matriz do Senhor do Bonfim e outros em que nem na frente do templo poderiam passar. O Padre José de Oliveira Bastos (Padre Bastos), foi um dos mais liberais chegando, inclusive a permitir a visitação dos penitentes durante a vigília do Senhor Morto.
OBS. A fotógrafia que ilustra esta matéria é dos "penitentes" de Xiquexique durante um exercício de auto-flagelação. Confira à Matéria completa no Blog Xiquexique .
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