A revelação de que a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva foram espionados pelos órgãos de inteligência, mesmo após a
redemocratização do país (durante os governos de José Sarney e Fernando
Collor), “causou surpresa e desagrado” ao Palácio do Planalto. A afirmação foi
feita ontem (6) pelo ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência
da República.
“Claro que causa surpresa e desagrado, mas é um tempo que a gente espera não
viver mais no Brasil. Esta é a nossa expectativa, e não é uma prática do nosso
governo”, disse Gilberto Carvalho ao chegar,
na manhã de ontem, à cerimônia de inauguração de um centro de referência para
atendimento à população de rua em Brasília
A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que também participou da
solenidade, destacou que as revelações sobre casos de espionagem como estes,
obtidas nos acervos públicos (Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro) são
consequência da Lei de Acesso à Informação e do funcionamento da Comissão da
Verdade. As duas leis foram sancionadas em novembro do ano passado.
Segundo Maria do Rosário, a revelação de informações sobre a perseguição e a
espionagem política à presidenta e ao ex-presidente “era o que mais esperávamos”
com a entrada de vigor da lei. Para a ministra, a existência da Comissão da
Verdade também “suscita” o surgimento de informações sobre as investigações
feitas pelo Estado.
Perguntada se procurou saber se existem
documentos a seu respeito, por causa de militância política, a ministra disse
que sua “contribuição para a redemocratização foi muito modesta”. Nascida em
1966, Maria do Rosário tinha apenas 2 anos quando o governo baixou o Ato
Institucional nº 5 (AI-5), endurecendo o regime inaugurado pelo golpe de 1964 e
aumentando a perseguição política a seus opositores.
Agência Brasil
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