Fomos deseducados nos últimos anos a achar que água vem das paredes de nossas casas. O consumo absurdo de 70% da água doce para fins de agricultura, 20% para a indústria e 10% para o uso doméstico são constatados, mas pouco questionados.
Até os movimentos sociais defendem cegamente a irrigação como modelo de saída para a agricultura aqui no Nordeste. E nessa estiagem que passamos foi exatamente o uso para irrigação que secou o açude de Mirorós, na região de Irecê, obrigando o governo a fazer 100 km de adutora em poucos meses para que a população urbana não entrasse em colapso hídrico.
Porém, se todos os santos não ajudarem – nessas horas um técnico da Chesf aqui no São Francisco apelava até para São Pedro - poderemos ver a falência de cidades que em tudo dependem da água encanada. Sem ela não há indústria, não há serviços, não há como viver dentro de um apartamento. Ficar preso a um apartamento sob o fedor das pias cheias, dos vasos sanitários entupidos, da sujeira das roupas, do banho que não se pode ter, do calor infernal e falta de água para beber seria um inferno. Em pouco tempo o mercado da água engarrafada seria insuficiente.
O problema vem de longe e as advertências também. Já na Campanha da Fraternidade da Água, em 2004, sabíamos que um paulistano tem em média menos água que um nordestino. Isso mesmo. Devido à alta concentração urbana, para todos os fins, cada paulistano tem em média pouco mais de 200 m3 de água ao ano, enquanto, no Piauí – embora imobilizados no lençol freático do Gurguéia –, cada piauiense tem em média nove mil m3 de água por ano. O acesso é outra questão.
Nos momentos de aperto todos falam no aproveitamento da água de chuva, no reuso, na utilização racional, no combate ao desperdício, em novos métodos de irrigação, mas, sem dar consequências a essas práticas, exceto a sociedade civil do Semiárido.
A humanidade não quer aprender com suas tragédias. A da água é uma das mais visíveis há décadas e prosseguimos como se ela não existisse. Contudo, teremos que aprender a lidar diferentemente com a água, seja por bem, ou por tragédias socioambientais anunciadas.
Fonte: Correio da Cidadania
1 comentários:
A ESTIAGEM EM SAO PAULO E UMA COISA BOA,PARA O PAULISTA SOBERBO E ARROGANTE PRINICIPALMENTE A MIDIA QUE SO DAR DESTAQUE AO NORDESTE NA EPOCA DE SECA. SENTIR NA PELE O QUE O NORDESTINO SOFRE COM A FALTA DE AGUA.
10/2/14 12:18Postar um comentário
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