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50 anos do Golpe: Assassinos bárbaros e boçais na impunidade

3/26/2014


Paulo Malhães um Torturador e Assassino
 
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, 76 anos, admitiu ontem , 25, que torturou e matou brasileiros inimigos do regime militar-fascista que se implantou no País durante os anos 60, 70 e 80, presos  nas prisões clandestinas da repressão, como a Casa da Morte de Petrópolis.
“Quando o senhor vai se desfazer de um corpo, quais são as partes que podem determinar quem é a pessoa? Arcada dentária, digitais e só”, respondeu ele aos questionamentos de José Carlos Dias, membro da CNV. “Quebrava os dentes. As mãos, não (eram cortadas). Cortavam-se os dedos. E aí se desfazia do corpo… Eu não era tão especialista assim, existia gente mais especialista do que eu”, disse.

Os militantes  assassinados eram aqueles que, após serem presos, não concordavam em trabalhar para o Exército como agentes infiltrados em suas organizações de esquerda. Malhães também explicou que as mutilações nos corpos eram feitas em quartinhos das prisões clandestinas. Questionado diversas vezes sobre quantos presos políticos matou, o coronel disse não lembrar. “É impossível determinar quantos”, afirmou.

O militar também admitiu que não tem nenhum arrependimento dos crimes que cometeu.
Torturador e Assassino Carlos Alberto USTRA

“Eu acho que eu cumpri o meu dever”, declarou. Questionado sobre seu envolvimento no desaparecimento da ossada de Rubens Paiva, ele disse que recebeu a missão do Centro de Informações do Exército, mas não conseguiu cumpri-la pois foi acionado para outra ação. Em outro momento do depoimento, disse que os restos mortais de Rubens Paiva eram “uma massa morta, enterrada e desenterrada”. “Não tinha mais nada. Nem sei se aquela massa era realmente dele.”
Paulo Malhães assumiu que foi um dos comandantes da missão que sumiu com a ossada do ex-deputado Rubens Paiva em 1973.
Os acusados de matar o pedreiro Amarildo estão em cana, mas não se constrangeram em torturá-lo e sumir com ele. No passado não rendeu castigo, por que renderia agora?
Ainda é tempo de responsabilizar os torturadores e matadores da ditadura. Levá-los aos tribunais serviria de advertência às futuras gerações: não reeditem a covardia, porque haverá punição.
Ou seja, deveriam prevalecer os mesmos valores que, justamente, castigaram genocidas da Alemanha, veteranos da Segunda Guerra, do Cambodja, da matança patrocinada pelo Khmer Vermelho, e da Argentina dos generais e seus sócios civis.
Quando crimes contra a humanidade são perdoados, reluz o sinal verde para tudo se repetir.
Não adianta conhecer a verdade se, de posse dela, o Brasil não ensina: quem torturar, executar e sumir com seres humanos vai pagar por isso.
E não basta responsabilizar somente quem sujou as mãos diretamente. É preciso esquadrinhar a cadeia de comando e punir os chefes, até a cúpula.
Muitos repressores e torturadores, agentes boçais da famigerada ditadura militar, já morreram, é verdade. Mas há uma legião deles viva. E impune.

Trata-se do preço que estamos pagando por não havermos instalado em 1985 um tribunal como o de Nuremberg. Redemocratização pela metade dá nisso.