Um dos crimes praticados em larga escala durante a
ditadura militar, foi o da corrupção. Não havia fiscalização e raras eram
as denúncias, naquela época, dos governos federal, estaduais e municipais:
os parlamentares opositores ao regime temiam por suas vidas e de seus
familiares; a imprensa estava censurada; os sindicatos fechados ou sob
ameaça.
A corrupção era feita pelos próprios generais e
coronéis que estavam no comando da máquina de Estado; com a
sua cumplicidade; ou, ao menos, com a sua conivência. Foi a época das
grandes obras (Ponte Rio-Niterói, Ferrovia do Aço, Transamazônica, usina
nuclear de Angra dos Reis), e das empreiteiras de construção pesada, que se
tornaram as maiores empresas do país em poucos anos, às custas de bilhões de
dólares de dinheiro público.
Foi a época também dos incentivos fiscais para
a ocupação da Amazônia, mecanismo que legalizou a transferência em grande
escala de recursos públicos para empresas, sob o pretexto de tornarem
produtivas extensas áreas do Mato Grosso, Pará etc. Mais de 900 grandes
empresas beneficiaram-se desse mecanismo legal, do Bradesco ao grupo
Sílvio Santos, da Volkswagen à Varig.
Áreas imensas foram desmatadas, e
fazendas gigantescas foram formadas graças ao incentivo do governo militar
para ocupação capitalista da Amazônia: apenas para citar dois exemplos, a
fazenda Rio Cristalino, da Volks, tinha 142 mil hectares; e a
Suiá-Missú, da Liquigás (grupo italiano ENI, estatal), tinha 400 mil ha.
Pesquisa realizada pela equipe coordenada pelo
jornalista Ricardo Bueno, resultou no livro “O ABC do Entreguismo no
Brasil” (Ed. Vozes, 1981), com vários casos de “grandes
negócios” favorecidos pela ditadura. Outro livro importante sobre essa
temática é o de Francisco Oliveira “Viva a Corrupção – o escândalo
BNCC/Centralsul” (Ed. Mercado Aberto, fev/85).
O regime militar conviveu tanto com os corruptos e
com sua disposição de fazer parte do governo, quanto com a face mais exibida da
corrupção, que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura.
Entre muitos outros estão a operação Capemi (Caixa de Pecúlio dos Militares),
que ganhou concorrência suspeita para a exploração de madeira no Pará, e os
desvios de verba na construção da ponte Rio–Niterói e da Rodovia
Transamazônica.
Esses e outros crimes praticados pela ditadura
militar, ou por quem dela se beneficiou, são desconhecidos da maioria da
população brasileira, que nasceu depois de 1980. Muito do atraso que
vivemos, até o início dos anos 2000, tem a ver com a sangria promovida pela
ditadura e seus cúmplices capitalistas na Economia e no Estado do Brasil.
É importante registrar que já estão mortos, ou quase
lá, a maior parte dos generais e coronéis que articularam o golpe militar
(desde a década de 1950), comandaram os 21 anos de Terror de Estado, e
comandaram as Forças Armadas no governo Sarney. Os coronéis da reserva que depuseram nas Comissões da Verdade, eram tenentes, capitães, ou no máximo
majores, na época, cumpriam ordens (condição que evidentemente não os livra da
responsabilidade do que fizeram) oriundas das cadeias de comando do Exército,
Marinha ou Aeronáutica, todas elas subordinadas ao general-presidente do
momento.
A Voz
A Voz
2 comentários:
E como ninguém enriqueceu???
10/9/15 15:32Zero de corrupção não existe em lugar nenhum, mas o que vemos hoje, até já atestado pela Justiça, é a corrupção como sustentação do aparelhamento do Estado.
ninguem enriqueceu??? po amigo anonimo...os herdeiros estao usufruindo das coberturas de Ipanema, de super aptos na lagoa...garanto que nao foi com soldo...
12/4/16 08:26Postar um comentário
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