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A corrupção durante a ditadura militar no Brasil

3/31/2015




Um dos crimes praticados em larga escala durante a ditadura militar, foi o da corrupção. Não havia fiscalização e raras eram as denúncias, naquela época, dos governos federal, estaduais e municipais: os parlamentares opositores ao regime temiam por suas vidas e de seus familiares; a imprensa estava censurada; os sindicatos fechados ou sob ameaça.

A corrupção era feita pelos próprios generais e coronéis que estavam no comando da máquina de Estado; com a sua cumplicidade; ou, ao menos, com a sua conivência. Foi a época das grandes obras (Ponte Rio-Niterói, Ferrovia do Aço, Transamazônica, usina nuclear de Angra dos Reis), e das empreiteiras de construção pesada, que se tornaram as maiores empresas do país em poucos anos, às custas de bilhões de dólares de dinheiro público.

Foi a época também dos incentivos fiscais para a ocupação da Amazônia, mecanismo que legalizou a transferência em grande escala de recursos públicos para empresas, sob o pretexto de tornarem produtivas extensas áreas do Mato Grosso, Pará etc. Mais de 900 grandes empresas beneficiaram-se desse mecanismo legal, do Bradesco ao grupo Sílvio Santos, da Volkswagen à Varig.

Áreas imensas foram desmatadas, e fazendas gigantescas foram formadas graças ao incentivo do governo militar para ocupação capitalista da Amazônia: apenas para citar dois exemplos, a fazenda Rio Cristalino, da Volks, tinha 142 mil hectares; e a Suiá-Missú, da Liquigás (grupo italiano ENI, estatal), tinha 400 mil ha.

Pesquisa realizada pela equipe coordenada pelo jornalista Ricardo Bueno, resultou no livro “O  ABC do Entreguismo no Brasil” (Ed. Vozes, 1981), com vários casos de “grandes negócios” favorecidos pela ditadura. Outro livro importante sobre essa temática é o de Francisco Oliveira “Viva a Corrupção – o escândalo BNCC/Centralsul” (Ed. Mercado Aberto, fev/85).


O regime militar conviveu tanto com os corruptos e com sua disposição de fazer parte do governo, quanto com a face mais exibida da corrupção, que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura. Entre muitos outros estão a operação Capemi (Caixa de Pecúlio dos Militares), que ganhou concorrência suspeita para a exploração de madeira no Pará, e os desvios de verba na construção da ponte Rio–Niterói e da Rodovia Transamazônica.

Esses e outros crimes praticados pela ditadura militar, ou por quem dela se beneficiou, são desconhecidos da maioria da população brasileira, que nasceu depois de 1980. Muito do atraso que vivemos, até o início dos anos 2000, tem a ver com a sangria promovida pela ditadura e seus cúmplices capitalistas na Economia e no Estado do Brasil.

É importante registrar que já estão mortos, ou quase lá, a maior parte dos generais e coronéis que articularam o golpe militar (desde a década de 1950), comandaram os 21 anos de Terror de Estado, e comandaram as Forças Armadas no governo Sarney. Os coronéis da reserva que depuseram nas Comissões da Verdade, eram tenentes, capitães, ou no máximo majores, na época, cumpriam ordens (condição que evidentemente não os livra da responsabilidade do que fizeram) oriundas das cadeias de comando do Exército, Marinha ou Aeronáutica, todas elas subordinadas ao general-presidente do momento.


A Voz

2 comentários:

Anônimo disse...

E como ninguém enriqueceu???
Zero de corrupção não existe em lugar nenhum, mas o que vemos hoje, até já atestado pela Justiça, é a corrupção como sustentação do aparelhamento do Estado.

10/9/15 15:32
Anônimo disse...

ninguem enriqueceu??? po amigo anonimo...os herdeiros estao usufruindo das coberturas de Ipanema, de super aptos na lagoa...garanto que nao foi com soldo...

12/4/16 08:26

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