![]() |
Fernando Antunes Coimbra |
A ditadura militar, instaurada no
Brasil em 1º de abril de 1964, há 50 anos, perseguiu muitas pessoas: políticos,
intelectuais, artistas e até mesmo jogadores de futebol. Um deles, Fernando
Antunes Coimbra, o Nando, foi o primeiro a ser anistiado no futebol
brasileiro.
Irmão menos famoso de Zico,
ídolo eterno do Flamengo e da Seleção Brasileira, e de Edu, craque do
América-RN nos anos 1960, o meia-atacante que defendeu o Ceará em 1968 sentiu
na pele a brutalidade do regime que comandou o país durante 21 anos.
Perseguição
Antes de se profissionalizar, Nando
foi aluno da Faculdade Nacional de Filosofia, do Plano Nacional de
Alfabetização (PNA), idealizado por Paulo Freire e, por isso, considerado
subversivo pelo regime militar.
“Depois do AI 5 (Ato Institucional
Número Cinco), nós perdemos todos os direitos. Como sabíamos que tínhamos
sido considerados subversivos, ficou todo mundo preocupado”, relembra o
ex-jogador. Além de Nando, quase todos os formandos de filosofia foi
perseguidos e presos pelos militares.
A ditadura o atrapalha em Portugal
Revelado pelo Fluminense, Nando
passou por Madureira e América-RJ, antes de chegar ao Ceará em 1968. O bom
futebol apresentado no Alvinegro chamou a atenção do Belenenses, de Portugal,
que o contratou. “Era uma proposta muito boa, que não dava para o Ceará
cobrir”, garante.
Mas a aventura em terras lusitanas
durou pouco tempo. Pressionado pela Polícia Internacional de Defesa do Estado,
da ditadura de Antônio de Oliveira Salazar, que comandava o país europeu na
época, o clube português dispensou o jogador.
A prisão na volta ao Brasil
De volta ao Brasil, o jogador foi
preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde foi submetido a
torturas. “Fiquei três dias, em pé, de cara para a parede. Com a mão na cabeça.
Ouvindo os que estavam sendo torturados gritarem terrivelmente”, pontua.
Nando relembra do terror psicológico
que sofreu: “Quando ia ser interrogado, eles enfiavam um capuz e você ficava
completamente indefeso. Você não sabia onde estava e ouvia as piores
humilhações verbais possíveis”.
Apenas em 2010, 42 anos de sua
prisão, o ex-jogador foi reconhecido oficialmente pelo governo brasileiro como
o primeiro atleta de futebol perseguido político durante os tempos da ditadura,
e por isso foi indenizado. No ano seguinte, lançou um livro e foi homenageado
pelo Ceará Sporting Club.
Regime golpista atrapalhou a carreira dos
irmãos
Devido ao parentesco com Nando, Edu,
meia-atacante do América-RJ, artilheiro do Torneio Roberto Gomes Predrosa de
1969, sequer recebeu uma oportunidade para defender a Seleção Brasileira de
1970.
Mais tarde, foi a vez de Zico sofrer
as consequências. Autor do gol que classificou o Brasil para a Olimpíada de
Munique, em 1972, o ídolo rubro-negro ficou de fora da lista de convocados para
os jogos. Nando nunca negou que decidiu parar de jogar para não prejudicar a
carreira dos irmãos.
Fonte: Tribuna do Ceará
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!