A palavra “carisma“, tão usada e abusada, designa a graça de Deus que imprimia o rei na monarquia de direito divino, concedendo-lhe o caráter indelével de chefe de Estado. Incrível como hoje em dia, quando ninguém mais acredita na origem divina do poder, a palavra “carisma“ circule com tanta freqüência em nosso meio político e social tão desaforadamente laico e secular, carregada, ainda, de vibrações e unção religiosa.
Tem “carisma“ os líderes político, religioso ou militar investidos do dom privilegiado para inspirar no povo a esperança, a segurança e a certeza da salvação.
É nos momentos de crise que surge o apelo à liderança carismática, quando mais aguda se torna a insegurança coletiva, durante as fases de transição ou por ocasião dos graves abalos e das tormentas sociais.
Luiz Inácio Lula da Silva é saudado dentro e fora do País, tanto pelo povo como pela elite e pelos cientistas políticos, como o líder providencial que levou o Brasil a bom porto. Muito à vontade dentro de seu figurino carismático, Lula já surpreendeu os desavisados quando declarou, com todas as letras: “Em toda a minha vida, nunca gostei de ser rotulado de esquerdista.“
Ao contrariar a esquerda e surpreender a direita, Lula agiu como um “enfant terrible“ da política, certo de que “o Brasil não tem de se organizar como deseja a esquerda ou a direita, e sim como querem os brasileiros“.
O líder carismático não está engessado nem à esquerda, nem à direita, nem no centro. Ele pode até se enquadrar numa ou noutra moldura ideológica, por razões táticas, mas permanece livre debaixo da pele para agir de acordo com seu credo pessoal, que ora coincide com a direita, ora com a esquerda ou o centro. Credo livre, elástico e maleável, que foge à hemiplegia deformante da política convencional, dividida em dois extremos.
Giordano Bruno, filósofo italiano morto na fogueira pela Inquisição, sustentava que não são as regras que fazem a poesia, e sim a poesia que elabora suas regras. Outro tanto se diga do líder carismático, o qual atua sempre acima das estreitas regras de conduta da direita, da esquerda ou da equidistância artificiosa do centro.
A identificação que as classes mais populares têm com Lula dá a ele um capital político muito grande. Ele tem uma ligação muito forte com o eleitorado.
O fato de o ex-presidente não ser uma político com características comuns à maioria dos políticos brasileiros e falar direto com o povo é que faz de Lula uma personalidade cuja relação com o povo ultrapassa os limites da racionalidade. Se você for procurar explicações racionais, você não vai encontrar.
Los Lideres Carismáticos
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