PATATIVA DO ASSARÉ |
PREFEITURA
SEM PREFEITO
Nessa vida
atroz e dura
Tudo pode
acontecer
Muito breve
há de se ver
Prefeito sem
prefeitura;
Vejo que
alguém me censura
E não fica
satisfeito
Porém, eu
ando sem jeito,
Sem
esperança e sem fé,
Por ver no
meu Assaré
Prefeitura
sem prefeito.
Por não ter
literatura,
Nunca pude
discernir
Se poderá
existir
Prefeito sem
prefeitura.
Porém, mesmo
sem leitura,
Sem nenhum
curso ter feito,
Eu conheço
do direito
E sem lição
de ninguém
Descobri
onde é que tem
Prefeitura
sem prefeito.
Ainda que
alguém me diga
Que viu um
mudo falando
Um elefante
dançando
No lombo de
uma formiga,
Não me
causará intriga,
Escutarei
com respeito,
Não mentiu
este sujeito.
Muito mais
barbaridade
É haver numa
cidade
Prefeitura
sem prefeito.
Não vou teimar com quem diz
Que viu
ferro dar azeite,
Um avestruz
dando leite
E pedra
criar raiz,
Ema apanhar
de perdiz
Um rio fora
do leito,
Um aleijão
sem defeito
Patativa do Assaré era o nome artístico (pseudônimo) de Antônio Gonçalves da Silva. Nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (estado do Ceará). Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina.
Dedicou
sua vida a produção de cultura popular (voltada para o povo marginalizado e
oprimido do sertão nordestino). Com uma linguagem simples, porém poética,
destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu também literatura
de cordel, porém nunca se considerou um cordelista.
Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família.
Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade.
Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também diversas vezes na rádio Araripe.
No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso a exemplo do livro que ilustra este blog “Canta lá que eu canto cá “ (foto) lançado em 1978. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.
Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal.
Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família.
Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade.
Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também diversas vezes na rádio Araripe.
No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso a exemplo do livro que ilustra este blog “Canta lá que eu canto cá “ (foto) lançado em 1978. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.
Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal.
2 comentários:
Soube que na Paraíba,
3/5/14 21:22Lá pras bandas do Sertão,
Uns cabras remanescentes
Dos tempos de Lampião
Organizaram uma quadrilha
Para roubar pimentão.
Ricardim abra do olho,
Ouça o conselho de novo:
Se o mercado é das frutas
Do tomate até do ovo,
Pra não passar a ideia
Que você enrola o povo.
O povo chega no açougue,
O preço tá de lascar;
Corre ali no mercadim,
Dá vontade de chorar
E o pobre só pega em carne
Na hora de urinar.
Sobe tudo nesse mundo,
Farinha, milho e feijão,
Só não sobe é Xique-xique
Antes do dia de eleição
Mas o povo não é besta,
Chega de esculhambação!
4/5/14 12:23Aconteceu que uma Rapariga
morreu em um certo dia
e pela vida que levava
o povo sempre dizia
ela vai para o inferno
pelos atos que fazia
Assim que foi enterrada
a alma se destinou
querendo ir para o céu
mas primeiro ela passou
pelo portão do inferno
e o diabo lhe acompanhou
Saiu correndo atrás dela
dizendo vem cá bichinha
um bocado como tu
faz tempo que aqui não vinha
e eu estou gamadão
nesta garota novinha
Mas na carreira que vinha
o diabo e a prostituta
passaram no purgatório
e no sindicato das puta
e lá no portão do céu
foi que começou a luta
Porque já se encontrava
uma mulher bem casada
arengando com o marido
que morreu de uma virada
e queria entrar no céu
com uma faca afiada
Essa mulher que morreu
era muito ciumenta
quando viu a prostituta
entortou o pau da venta
e disse: vou te furá
foi uma luta cinzenta
Furou a mulher na perna
o marido puxou no braço
o diabo pegou também
dizendo já sei que faço
vou levar mesmo sem perna
mas levo o melhor pedaço
Nessa zuada São Pedro
se apresentou no portão
e disse: não tem lugar
pra mulher com bestalhão
só tem pra mulher sozinha
e foi logo estirando a mão
E pegou logo no braço
da mulherzinha assanhada
disse: você pode entrar
aqui não lhe falta nada
vai dormir na minha cama
até alta madrugada
Mas atrás dela já vinha
outro cara de complô
e disse: eu entro também
pode dá o estupô
porque na terra eu era
dessa mulher gigolô
São Pedro lhe respondeu
mas aqui é diferente
sou o chaveiro do céu
e aqui neste batente
só entra quem eu quiser
que sou velho, mas sou quente
Disse: vocês lá na terra
fazem tudo quanto quer
maltrata as prostitutas
e usam como quiser
mas aqui eu trato bem
a todos que aqui vier
E entrou de braço dado
com a mulherzinha singela
com uma perna furada
mas São Pedro tratou dela
e deu apoio a prostituta
que ninguém bulia nela
Depois disso a prostituta
foi fazendo o que bem quis
botou galha em São Pedro
namorou com São Luiz
tirou sarro com São Bento
no beco do chafariz
Uma noite de São João
dançou com São Expedito
levou xecho de São Brás
namorou com São Carlito
e no fim da festa foi
dormir com São Benedito
E não quis Santo Oscar
por ser barbudo demais
deixou ele na espera
e foi dormir com São Brás
Santo Oscar quando acordou
Falou alto e bem voraz
Disse ele: hoje mesmo
antes de tomar café
eu vou contar a Jesus
essa puta como é
depois de sua chegada
o céu virou cabaré
Ele foi e disse a Jesus
que ela era depravada
Jesus respondeu calmo
deixa essa pobre coitada
se na terra sofreu tanto
como vai ser castigada?
Na terra não teve apoio
em meio a sociedade
levou a vida sofrendo
e fazendo caridade
aceitando preto e branco
que tinha necessidade
Mesmo com as prostitutas
vive cheio de tarado
correndo atrás das moças
e mulher de homem casado
se não houvesse prostituta
qual seria o resultado?
Ele ficou cabisbaixo
e respondeu: muito bem
se o sol nasce pra todos
a mulher nasceu também
se um dia eu pegar ela
trituro e deixo um xerém
Aí ficou sem efeito
a denúncia de Santo Oscar
pediu perdão a Jesus
e voltou pra seu lugar
e encontrou Mariano
num sarro de admirar
Aqui termino o livrinho
em favor das prostituta
para vender aos homens
a rapaz, a corno e puta
pessoas de baixo porte
e aos de boa conduta.
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