Cinquenta e Cinco
anos atrás, diante da corrupção na Câmara Municipal, o eleitorado paulistano
fez do rinoceronte Cacareco o candidato mais votado em uma eleição para
vereador
O ano era 1959. Getúlio Vargas havia morrido e, para muita gente, morreu também o que restava da moralidade nos poderes públicos. O governador de São Paulo era Adhemar de Barros, uma espécie de antepassado político de Paulo Maluf. Como esse tipo de coisa não muda muito, o eleitorado estava revoltado com a Câmara Municipal que, pra variar, não estava se comportando muito bem.
Daí, havia o rinoceronte Cacareco, que, vale dizer, era uma fêmea, apesar do nome.
Ele estava nas notícias porque havia vindo do Rio de Janeiro, emprestado por seis meses, para abrilhantar a inauguração do Zoológico de São Paulo. Os seis meses iam se passando e os paulistas cogitavam a ideia de dar um calote e não devolver o rinoceronte.
Veja você: no meio do mar de lama da Câmara Municipal, em pleno período eleitoral, o assunto era o rinoceronte.
Não que os políticos da época não ajudassem. Havia um de 230 kg, cujo slogan era “vale quanto pesa”. Outro andava por aí com uma onça e dizia: "Eleitor inteligente vota no amigo da onça".
O jornalista Itaboraí Martins brincou com isso, lançando a candidatura de Cacareco ao cargo de vereador. E não é que a ideia pegou?
O ano era 1959. Getúlio Vargas havia morrido e, para muita gente, morreu também o que restava da moralidade nos poderes públicos. O governador de São Paulo era Adhemar de Barros, uma espécie de antepassado político de Paulo Maluf. Como esse tipo de coisa não muda muito, o eleitorado estava revoltado com a Câmara Municipal que, pra variar, não estava se comportando muito bem.
Daí, havia o rinoceronte Cacareco, que, vale dizer, era uma fêmea, apesar do nome.
Ele estava nas notícias porque havia vindo do Rio de Janeiro, emprestado por seis meses, para abrilhantar a inauguração do Zoológico de São Paulo. Os seis meses iam se passando e os paulistas cogitavam a ideia de dar um calote e não devolver o rinoceronte.
Veja você: no meio do mar de lama da Câmara Municipal, em pleno período eleitoral, o assunto era o rinoceronte.
Não que os políticos da época não ajudassem. Havia um de 230 kg, cujo slogan era “vale quanto pesa”. Outro andava por aí com uma onça e dizia: "Eleitor inteligente vota no amigo da onça".
O jornalista Itaboraí Martins brincou com isso, lançando a candidatura de Cacareco ao cargo de vereador. E não é que a ideia pegou?
Naquela época, a eleição era na base do papel e do envelope. O eleitor recebia
um envelope das mãos do mesário e, dentro dele, colocava a cédula do seu
candidato, fosse ele quem fosse. No caso, houve uma adesão massiva à
candidatura de Cacareco e várias gráficas, de brincadeira, imprimiram cédulas
com o nome do bicho e muita gente achou legal ir pra rua e fazer campanha em
nome do rinoceronte.
O que aconteceu a seguir parece piada, mas Cacareco recebeu coisa de 100 mil votos.
Parece coisa pouca diante do eleitorado de hoje, mas presta atenção no resto dos números. O candidato mais votado naquela eleição não teve mais que 11 mil votos, e mesmo o partido que elegeu a maior bancada teve, ao todo, 95 mil votos.
Sua excelência, o rinoceronte Cacareco nem pode comemorar. Dois dias antes da eleição, o bicho foi devolvido para o zoo do Rio, sem muito alarde, como um anarquista subversivo. Poucos anos depois, o rinoceronte vereador morreu prematuramente, antes de completar dez anos de idade.
O estrago, porém, já havia sido feito. Cacareco ganhou até as páginas da revista Time que citava um eleitor: "É melhor eleger um rinoceronte do que um asno".
O que aconteceu a seguir parece piada, mas Cacareco recebeu coisa de 100 mil votos.
Parece coisa pouca diante do eleitorado de hoje, mas presta atenção no resto dos números. O candidato mais votado naquela eleição não teve mais que 11 mil votos, e mesmo o partido que elegeu a maior bancada teve, ao todo, 95 mil votos.
Sua excelência, o rinoceronte Cacareco nem pode comemorar. Dois dias antes da eleição, o bicho foi devolvido para o zoo do Rio, sem muito alarde, como um anarquista subversivo. Poucos anos depois, o rinoceronte vereador morreu prematuramente, antes de completar dez anos de idade.
O estrago, porém, já havia sido feito. Cacareco ganhou até as páginas da revista Time que citava um eleitor: "É melhor eleger um rinoceronte do que um asno".
R7
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários serão de responsabilidade dos autores. podendo responder peço conteúdo postado!