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A fabulosa fábula do ratinho comunista

2/21/2015


 
 
 
Ratolândia era um lugar  onde todos os ratinhos viviam, brincavam e morriam. Eles viviam e morriam da mesma maneira que todos nós deste sertão são-franciscano.

Também tinham Câmara,  Parlamento,  Assembleia Legislativa... 
A cada quatro anos havia eleições. Eles sempre caminhavam rumo às urnas e votavam. Alguns iam de ônibus, vans e  paus-de-arara para votar, transportes cedidos por alguns candidatos que não estavam nem aí para a lei eleitoral vigente em Ratolândia. 

A cada dia de eleições, todos os ratinhos se habituaram a ir às urnas e elegiam um governo. Um governo formado por enormes e gordos gatos.

Os gatos  conduziam o governo com dignidade, aprovavam boas leis, leis que eram boas para os gatos. Mas estas leis que eram boas para os gatos não eram muito boas para os ratos.

Uma das leis dizia que a porta da casa dos ratos tinha que ter um tamanho suficiente, para que lá coubesse a pata de um gato.

Outra lei dizia que os ratos só podiam andar a uma certa velocidade, para que um gato conseguisse o seu almoço, sem muito esforço físico.
Todas essas leis eram muito boas para gatos, porém muito duras para os ratinhos.

E a vida dos ratos se tornava cada vez mais e mais difícil.

Um belíssimo dia, quando os ratos já não suportavam mais, decidiram que alguma coisa tinha que ser feita, e foram em massa às urnas. Votaram contra os gatos negros e elegeram gatos brancos!

Os gatos brancos tinham feito uma campanha genial e  eles sempre diziam no horário eleitoral:
- O que a Ratolândia precisa é de mais visão. O problema da Ratolândia são as pequenas entradas redondas das casas dos ratos. Se vocês nos elegerem, faremos entradas quadradas.

E assim fizeram. Mas as entradas quadradas ficaram com o dobro do tamanho das redondas – agora os gatos podiam colocar lá as duas patas e a vida do ratos ficou ainda mais dura.

E quando não podiam suportar mais, votaram contra os gatos brancos, e puseram lá de novo os gatos negros, para quase imediatamente, a seguir, regressarem aos gatos brancos e depois novamente aos gatos negros, ficaram assim revezando de candidato.

Até tentaram com um gato metade negro e metade branco e chamaram a isso – “Coligação.”
Tentaram também um governo com gatos malhados, que eram gatos que tentavam falar como ratos mas que comiam como gatos.

Como vocês estão vendo, o problema não estava na cor dos gatos, o problema estava no fato de serem gatos! E porque eram gatos, eles naturalmente defendiam os interesses dos gatos e não dos ratos.

Finalmente, chegou de longe um pequeno ratinho, muito inteligente, que tinha uma ideia para solucionar todo aquele problema.
- Meus amigos -disseram os ratos- estejam atentos ao companheiro que possui uma ideia.
E ele, o ratinho intelectual, disse à multidão de ratinhos:

- Vejam, amigos, companheiros, camaradas! Por que continuamos a eleger um governo majoritário de gatos? Por que não elegemos um governo com maioria de ratos?

- Ohh! -disseram os ratos eleitores- és um comunista! chamemos, pois,  os gatos!!!
E assim, por ser o ratinho comunista muito inteligente e capaz, colocaram-no na prisão.

Mas o ratinho comunista que foi preso era também filósofo e, nesta condição, sabia se manifestar como filósofo e bradava, filosoficamente, para os seus algozes: “Vocês podem encarcerar um rato, mas não podem encarcerar uma ideia”.
Os algozes, então, torturaram e  mataram o ratinho comunista. 
 
Não há, portanto,  moral nessa  história.

Fonte: Fábulas de La Fontaine

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