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INSIGNIFICÂNCIA E VAIDADE

3/21/2015



Tenho convicção da minha insignificância e fragilidade neste mundo. Sou apenas um entre 7 bilhões de seres humanos também insignificantes.

O meu futuro  inexorável  será pó de carbono que vai atomizar o meu inglório túmulo, ionizando o átomo  a ser programado ao esquecimento.

Fui  profetizado como o primeiro réu  a ser  julgado no apocalíptico Juízo Final, cuja sentença  condenatória não ensejará recursos.

Entretanto, serei degredado para cumprir minha pena retornando ao vale de lágrimas, num cenário de montagem da  divina comédia de Dante .

 


Feito o exórdio acima, há de se afirmar que  todos os dias vivemos mentiras, deixamos de fazer algumas coisas com medo das consequências de nossos atos, criando um mundo imaginário no qual as consequências de um simples “oi” serão catastróficas – ou as mais maravilhosas que a mente humana pode imaginar.

Pensamos sempre no depois, e esquecemos o agora! Vivemos num futuro imaginário, enquanto o agora real fica em segundo plano. Evitamos falar algumas coisas porque em nosso futuro imaginário as consequências dessas palavras não foram boas. Ou ficamos presos num futuro imaginário muito bom, no qual tudo deu certo, tudo valeu a pena, e esquecemos de fazer com que aquele futuro possa se tornar real. Vivemos um faz-de-conta de coisas boas e ruins; esquecemos do agora e vivemos o depois.

 Alberto Caeiro, poeta modernista português (heterônimo de Fernando Pessoa), defendia uma visão mais “realista” do homem para o mundo:

“O que nós vemos das cousas são as cousas/ Por que veríamos nós uma coisa se houvesse outra?/ Por que é que ver e ouvir seria iludir-nos/ Se ver e ouvir são ver e ouvir?”.

As flores são flores, as estrelas são estrelas, e não há nada a mais nem nada a menos em cada uma das coisas. Caeiro tentou nos ensinar a virar a cabeça para ver os donos daquelas sombras que víamos na parede. Ensinou-nos que o que vemos e ouvimos não são mais do que vemos e ouvimos.

Um vaso de plantas não é mais do que um vaso de plantas, e o que dizemos é o que queremos dizer (obviamente isso não serve pra linguagem em código).

 
Está na hora de mudar! Vamos, aos poucos, voltar ao presente e lutar pra que o nosso futuro em que tudo deu certo se realize! Viremos a cabeça para o lado certo e evitemos de tropeçar em diversos obstáculos, não esqueçamos mais de andar. O futuro não é agora! O futuro não será nunca!
O futuro é apenas um tempo verbal, o que importa é o agora!

Lutemos por nossos direitos, por nossos sonhos, e transformemos o futuro em presente!
Mas  não esqueçamos de que “o que foi voltará a ser, o que aconteceu, ocorrerá de novo, o que foi feito se fará outra vez; não existe nada de novo debaixo do sol”.  Já dizia o Rei Salomão há mais de 3.000 anos.

nilsonazevedo@globo.com

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