Hoje as forças
progressistas, comandadas pelo movimento sindical, darão provas se têm
vontade política e capacidade de mobilização para enfrentar a ascensão dos
grupos reacionários.
Não se configura
uma jornada puramente a favor do governo, a bem da verdade. Afinal, um dos três
eixos da convocação se confronta com a política econômica, ao reivindicar a
retirada das medidas provisórias do ajuste fiscal.
Mas as outras duas
bandeiras centrais – a defesa da democracia e da Petrobrás – são claras
contraposições à ofensiva conservadora que busca deslegitimar e interromper o
mandato da presidente Dilma Rousseff.
O fato é que o processo
reivindicatório poderá abrir nova etapa na vida política do país.
A disputa é pela
praça pública e a voz das ruas.
Minoritárias no
parlamento e atropeladas pelos monopólios de comunicação, as correntes de
esquerda têm na mobilização militante e popular ferramenta decisiva para romper
o cerco a que estão submetidas.
Desta vez, no
entanto, há uma novidade: a direita está disposta e preparada para lutar por
cada palmo de asfalto. Não se vivia situação desse tipo desde o período que
antecedeu o golpe de 1964, quando as marchas com Deus e a família pavimentaram
o caminho dos tanques.
Deve-se reconhecer,
aliás, que a reação burguesa encontra-se em melhores e mais avançadas condições
de combate que a esquerda.
Doze anos de
estratégia predominantemente institucional e conciliatória, com renúncia à
batalha de ideias e ao protagonismo do povo organizado, provocaram bizarrice
histórica: os governos encabeçados pelo PT ostentam o feito, ao menos desde
certo ponto, de terem mobilizado seus opositores e desmobilizado a própria base
de apoio.
Esta deficiência,
que agora atinge indiscutível visibilidade, tem que ser resolvida em momento de
crise aguda, quando o tempo proíbe o erro e a hesitação.
Administrações
progressistas de países com problemas econômicos muitíssimo mais graves, como a
Venezuela ou a Argentina, contam com padrão de mobilização sensivelmente
superior ao brasileiro simplesmente porque apostaram, cada qual a sua maneira,
na construção de políticas e instrumentos para a luta pela hegemonia no Estado
e na sociedade.
O ato do dia 13,
contudo, terá ainda outros desafios a enfrentar.
O principal deles é
que o governo Dilma, ao adotar pacote fiscal que descarrega o reequilíbrio das
contas públicas nos ombros dos trabalhadores e do setor produtivo, criou clima
de confusão, divisão e paralisia entre as fileiras de esquerda.
A jornada convocada
pelas centrais e movimentos terá de combinar a defesa democrática do mandato de
Dilma Rousseff com o protesto contra medidas antipopulares que está
implantando.
Fosse outro o
comportamento das principais entidades envolvidas na manifestação dessa
sexta-feira, estaria assentado o terreno para a oposição capitalizar para seu
projeto a insatisfação que começa a grassar entre os trabalhadores. Além disso,
seria impensável a unidade de ação, multipartidária, que se deseja construir.
Não é uma situação
confortável, que se exemplifica no tímido envolvimento da direção do PT e
do ex-presidente Lula na mobilização. Não seria fácil, para as principais
lideranças petistas, é evidente, subirem em um palanque cujo discurso inclui
crítica frontal à política econômica estabelecida pelo governo.
Por essas e outras,
é louvável a iniciativa da CUT e seus parceiros de empreitada, ao demarcar
linha de resistência contra a escalada reacionária, em um momento no qual os
partidos progressistas e o Palácio do Planalto parecem atônitos.
Trata-se de esforço
para reconstruir o campo de alianças do segundo turno presidencial, atropelado
pela guinada ortodoxa pós-outubro e o gabinete que a representa.
Nas próximas horas
será dado o primeiro passo para a articulação de uma frente ampla contra o
retrocesso e o golpismo, que simultaneamente disputa os rumos do governo e
exige um programa mínimo que represente as classes e grupos dispostos a
defender o mandato democrático e o aprofundamento das mudanças.
Oxalá dezenas ou
centenas de milhares atendam o chamado do movimento sindical e popular.
Talvez venha a ser demonstração de forças inferior àquela preparada
pelo reacionarismo para o dia 15, mas começará a ser trilhado o caminho para
uma nova estratégia política.
Não tenhamos
dúvidas: está se abrindo capítulo decisivo da história nacional e da luta dos
trabalhadores.
As forças progressistas, comandadas pelo movimento sindical, deu
provas s que têm vontade política e capacidade de mobilização para
enfrentar a ascensão dos grupos reacionários.
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