Entre algumas das principais tradições
da Semana Santa, algumas são repletas de proibições para os fiéis:
Olhar-se no espelho, usar maquiagem e
qualquer perfume, por serem sinais de vaidade.
Tomar banho vendo o próprio corpo nu, quando se acredita que o fiel pode ter pensamentos pecaminosos.
Namorar, dançar, assobiar, comete-se
pecado, por serem sinais de alegria, pois Jesus passou o período inteiro
sofrendo, segundo os mais devotos.
O maior de todos os pecados, contudo, é
manter relações sexuais, principalmente na Sexta-Feira da Paixão. O homem que
assim procede, solteiro ou mesmo casado, fica impotente para o resto da vida, e
a mulher, incapacitada para gerar filhos. E, se nesse dia, uma criança for gerada,
nascerá com o chamado "cão no couro", sendo infeliz até a morte.
Roga-se na Semana Santa, exclamando: "Dona moça, me dê uma esmolinha pra
jejuar o dia de hoje!" É o humilde apelo que ainda se
ouve na Quinta e na Sexta-Feira Santa da Quaresma católica nestas bandas
ribeirinhas do médio São Francisco, sertão de tantas tradições e de religiosidade
quase mística. Adultos e crianças da periferia batem à porta das casas, com uma
sacolinha na mão, a pedir o jejum, que lhes permitirá, provavelmente, uma
refeição decente na Sexta-feira da Paixão.
Ninguém ousa recusar nem pede para
passar outro dia. É a caridade nordestina. Afinal, "repartir" o jejum é garantir a fartura de
todos os dias. Então, lá se vai uma batatinha, uma laranja, uma banana, um
pouco de farinha, uma medida de feijão, um naco de carne de bode salgada...
Nada de sobras. A própria compra da semana já garante uma cota para esta
doação. Evidentemente que o costume, com o crescimento das cidades e a chegada
de forasteiros, está diminuindo e tende, lamentavelmente, acabar com a tradição
da fé cristã.
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