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O drama da classe média terceirizada

4/23/2015



 
Gente de classe média que adooora  protestar contra Dilma, Lula e o PT vai descobrir  que  bater panelas,  ingenuamente a serviço de banqueiros e empresários bilionários interessados na captura do poder, sempre dará combustível para a  bancada de deputados federais que lhe  enfiou uma facada nas costas.   Sim, a bancada conservadora que foi eleita nas últimas eleições graças ao eleitorado seduzido pela embalagem do conservadorismo, votou ontem pela aprovação do Projeto de Lei da terceirização ilimitada (PL 4.330).

Essa classe média sabe, por experiência própria – pois o uso indevido de mão de obra terceirizada não é novidade por aqui e vinha sendo  cada vez mais condenado na Justiça – que esse projeto, caso seja definitivamente aprovado,  (falta a votação no Senado)  tem tudo para detonar o emprego e o salário de quem trabalha em grandes empresas. E também o sonho de muitas pessoas de classe média: passar num concurso público ou empregar-se em quaisquer empresas para ter um bom salário e uma carreira profissional estável e promissora.
Com a terceirização ilimitada, adeus carreira, adeus bons salários, adeus direitos e benefícios, adeus férias na Disney ou uma esticadinha em Buenos Aires.   Mesmo os concursos em empresas estatais mistas podem ir para o beleléu se um  governo do PSDB for do tipo “choque de gestão” tucano, pois também poderão contratar toda a mão de obra terceirizada.
Paradoxalmente, quem defende os direitos trabalhistas, inclusive da classe média manifestante, é justamente o principal alvo dos protestos: a presidente Dilma Rousseff, a quem caberá vetar perdas de direitos, e seu partido.   O PT, o PCdoB e o Psol foram os únicos partidos que votaram contra a terceirização ilimitada.
Outro fator para o drama dos classe média é que é já começam a ser informados que estão a fazer papel de bobo,  como burro de carga, carregando faixas e cartazes contra a corrupção, a serviço de movimentos patrocinados por banqueiros e bilionários, alguns deles possivelmente metidos em escândalos de corrupção e sonegação, que sabe com contas na Suíça ou enrolados na operação Zelotes, da Polícia Federal.
Além disso, que protesto anticorrupção é esse que não cobra o julgamento do mensalão tucano em Minas Gerais, a investigação do trensalão em São Paulo, das denúncias de sonegação contra grandes empresários, bancos, multinacionais e até a Globo, não menciona a taxação de grandes fortunas nem o fim do financiamento privado?
A não ser as “viúvas” da ditadura e dos governos tucanos, quem vai percebendo o que está por trás dessas manifestações não volta. E quem não foi já dispõe de informação para não se deixar levar pela embalagem do protestos convocados pelas startups. É até provável que muita gente de boa-fé, que realmente busque mais direitos, encontre sua turma em outros protestos, em movimentos mais autênticos, com pautas de reivindicações claras, objetivas e coerentes – diferentemente dessas que escondem seus verdadeiros patrocinadores e o que querem de fato.
 Rede Brasil Atual

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