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O Brasil real é nordestino antes de tudo

4/04/2015


Dificilmente se encontrará ser humano que seja mais religioso e que tenha mais fé do que o povo nordestino, principalmente aquele sertanejo dos lugares mais distantes e menos desenvolvidos.

É exatamente esse sertanejo que possui retratos de santos pendurados nas paredes de barro de suas casas, onde mantém oratório e imagens sacras rodeadas de velas e fitas, faz orações durante o dia inteiro, tem a igreja como extensão da casa e é o povo que mais sofre esperando a ajuda divina.
Mesmo em épocas de farturas, de roçados verdejantes e colheita certa, o sertanejo jamais se omite na sua fé, na sua fervorosa religiosidade, na sua certeza  de que tudo depende de Deus. Daí continuarem as promessas para que as chuvas continuem caindo e a sobrevivência seja garantida através da terra.


Mas as promessas, rezas e rogos, parecem não ter eficácia assim que as estiagens começam a mostrar suas feições. Contudo, ainda que a seca se alastre de vez pela região, o mato comece a perder o viço e acinzentar, os tanques e reservatórios sequem totalmente; enfim, o sol e o calor impiedosos tomem conta de tudo, se engana quem imaginar que a fé será diminuída um tantinho assim.


Mesmo havendo mudança nos motivos para as orações e as promessas, vez que agora a fruição religiosa se volta para pedir que o livre de tanto sofrimento e afaste de todos aquela situação de sede, fome e tantas outras formas de miséria, a crença incondicional no poder de ação divina continua inabalável. E talvez ainda mais forte.


Mesmo que a situação se torne quase insustentável – como está ocorrendo agora no sertão nordestino -, o sertanejo se mantém na firmeza da fé. Ainda que olhe adiante e só encontre ossadas de bichos, feiúra na natureza e pessoas e restos de animais sedentos e famintos, dificilmente alguém ouvirá de sua boca uma palavra sequer que maldiga a sorte e coloque a culpa no esquecimento de Deus.


Ninguém ouvirá que estão naquele estado de miséria, tendo de suportar tanto sofrimento, porque Deus não atende seus rogos e suas promessas; não se ouvirá de nenhuma boca que Deus esqueceu o povo que mais precisa de sua benção; ninguém ouvirá que dali em diante darão menos importância aos cultos, aos santos e à divindade porque não merecem estar passando por tamanho privação.

Pelo contrário. Por todos os cantos o que se ouve é a reafirmação da crença, da fé, da religiosidade. E assim dizem que com a graça divina logo as chuvas cairão, as trovoadas virão, os tanques transbordarão, as plantas brotarão, a natureza se encherá novamente de vida, os homens e animais saciarão a fome e a sede. E Deus, sempre Deus, acima de tudo.


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