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Mamonas Assassinas, os astros do rock besteirol

6/01/2015


 

Os Mamonas Assassinas surgiram aparentemente do nada,  juntamente com  a música “Vira-vira” que teve sua primeira execução radiofônica em 5 de julho de 1995. O Vira-vira era uma espécie de paródia de “Arrebita”, sucesso do português Roberto Leal, só que com guitarras pesadas e um outro cantor, amalucado, com sotaque luso falsificado, no papel do gajo que foi convidado “pruma tal suruba” e que, não podendo ir, mandou a Maria em seu lugar.
 
Um daqueles sucessos instantâneos, que demoraram um piscar de olhos para chegar ao topo das paradas, o “Vira” foi o cartão de visitas para “Mamonas Assassinas”, álbum de estreia da banda de Guarulhos-SP, lançado logo depois, no dia 23. Nele, outras canções satíricas, como “Pelados em Santos”, “Robocop gay”, “Sabão Crá-Crá”, “Chopis centis” e “Uma arlinda mulher” ocupariam, sem deixar muita folga, as programações de rádio e TV ao longo do ano, fazendo daquele disco um dos mais vendidos de todos os tempos no Brasil: 2,2 milhões de cópias. Num átimo, os Mamonas se tornavam, de longe, o mais explosivo casamento de música e humor nascido no país.

Quando o jatinho que trazia os Mamonas de um show em Brasília bateu, na noite de 2 de março de 1996, contra a Serra da Cantareira, matando toda a banda, o Brasil sentiu o baque — e continua a sentir. Junto com o português da suruba, a Brasília amarela, as fantasias de personagens da TV e as palhaçadas do vocalista Dinho, foi-se embora boa parte daquela MPB que fazia rir e pensar. Com uma tradição que remete aos tempos de caipiras como Alvarenga e Ranchinho (mestres da sátira política), aos sambas de Noel Rosa, às modinhas de Juca Chaves, às marchinhas de carnaval e ao rock do início dos anos 1980 (de bandas como Blitz, Magazine, Miquinhos Amestrados e Ultraje a Rigor), o humor perdeu lugar na canção popular.

O humor e a diversão que os Mamonas proporcionaram não existem mais. No samba, temos a irreverência, por exemplo, do Trio Calafrio (Barbeirinho do Jacarezinho, Luiz Grande e Marcos Diniz, compositores de sucessos de Zeca Pagodinho como “Caviar” e “Dona Esponja”). Mas, da forma como os Mamonas se expressavam acho que, infelizmente, foi só com eles.

Eles foram únicos. Não seguiam nem criaram nenhuma vertente. Simplesmente conjugaram fatores: bons músicos e compositores, jovens motivados e trabalhadores, disciplinados e, sobretudo, carismáticos ao extremo — avalia o produtor João Augusto, o diretor artístico que contratou o grupo para a EMI. — A banda fazia a base para o Dinho explodir seu talento. Não há como continuar.

Os Mamonas entraram para o gosto popular talvez pelos atributos físicos. Era um fenômeno jovem, sem muita profundidade. Os artistas que faziam música humorística até então nunca tinham tido essa visibilidade.

Sim, os Mamonas foram um caso único. Mas a  música besteirol  seguiu outro rumo. Hoje, temos os MCs de periferia, o funk ostentação, o sertanejo universitário com o discurso da bebedeira, da farra... É tudo um reflexo do que o país vive, não se encontra humor em mais nada.  Além disso, as coisas não eram tão escancaradas na política como hoje, quando o que seria piada não é mais.
 

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