Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio,
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão.
Não era um gato.
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Ainda quente, te, de tudo, macarrão, arroz, feijão, pedaços de frutas mordidas e dessa vez, algo raro, um livro.
Lê
Mastiga
Engole.
(Manuel Bandeira)
Política é coisa
nossa sim, meu velho e minha velha. Política é coisa de filho e filha com
pedras nas mãos a por abaixo o palácio de cristal com seus doutores dentro.
Política da
unidade entre os nossos, os que jamais pisarão as calçadas da fama
endinheirada, seja porque já estão excluídos desde sempre, seja porque passarão
a desdenhá-la neste mundo de hipocrisias.
Se toda produção
material e imaterial flui do povo ou nele tem referência, será a política dos
de baixo, dos que nada tem a perder, que poderá recuperá-la na luta contra os
de cima, os homens de terno e cifrões.
Comecemos desde
já: um olho aprendiz atento ao passado das sublevações palmarinas, canudenses e
outras mais. Um presente que se faz da unidade e luta sem intermediários em
incontáveis greves e ocupações rurais e urbanas nesse Brasil afora, desde a
fábrica, escolas e moradias periféricas até a Amazônia verde.
Queremos um
futuro promissor, erguido sobre os escombros da vida burguesa e de seus
cérebros sedentários. Um futuro feito a partir do operário birrento, da juventude enfezada, da
mulher invocada e do índio brigador. Mas uma gente que se faz boa quando todo
patrão se vai, enterrado para todo o sempre e para nunca mais voltar .
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