Em um discurso pela política e pela
coletividade, o ex-presidente uruguaio Jose “Pepe” Mujica disse, após receber
homenagem da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul
(Federasur), que o Brasil mudou muito positivamente, mas que a população, em
geral, não reconhece os ganhos sociais e atribui o progresso exclusivamente ao
esforço individual.
“Muita gente que melhorou não se dá
conta de que a melhora é resultado de medidas que foram tomadas ao longo dos
anos. Muita gente crê que melhorou apenas pelo seu esforço individual e não vê
que lhe deram a oportunidade. Isso se passa não apenas no Brasil, mas em todos
os lugares, em outras sociedades modernas”, apontou Mujica, na Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio.
O ex-presidente
se recusou a fazer críticas à presidente Dilma Rousseff e disse que é preciso
ter habilidade diplomática e carinho com o povo brasileiro. Ao ser informado
sobre a ocorrência de manifestações de rua que pedem a volta dos militares no
poder, Mujica foi enfático: “As pessoas que clamam por isso são loucas! Loucas!
Qualquer democracia, por pior que seja, é melhor que uma ditadura”, disse ele,
que passou 14 anos encarcerado no período ditatorial do Uruguai.
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“Eles têm que viver como a maioria, e
não como a minoria privilegiada. Se o político se acostuma a comer na mesa e a
ir à casa dos muito ricos, ele pensará que é muito rico também. Se ele faz
isso, ele afeta a confiança, e o homem precisa confiar em algo. Aquele que só
gosta de dinheiro não deve ter lugar dentro da política.”, concluiu o senador
uruguaio.
Em seu discurso, que durou
trinta minutos, o ex-presidente disse que não vive sem utopia, que “só a
multidão pode mudar a realidade”, que “não há homens imprescindíveis, há causas
imprescindíveis” e criticou os imperativos do capitalismo.
“Quem disse que para ser feliz é
preciso comprar um telefone novo a cada quatro meses? Por que trocar o carro a
cada dois anos? Pagar cotas e cotas e cotas para o resto da vida? Isso é
felicidade? O que está em jogo é a felicidade humana, e ela está em poucas
coisas: na juventude, no amor. Entre ser desenvolvido e ser feliz, mais vale
não ser desenvolvido”.
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