Perguntaram-me, outro dia, se eu trabalho ou vivo a
flautear tal qual um vagante deitado numa rede à beira do mar da Bahia, de
pernas pro ar, ou coisa que o valha, enquanto eles, meus intrépidos
questionadores, dizem que ralam à beça, dando um duro danado, para conseguir
colocar o feijão fradinho com arroz arbóreo em casa.
Revelo, na condição de estagiário de direito, que
trabalho igual a um condenado em regime semiaberto. Desperto das minhas
insônias diuturnas antes do nascer do sol e, ainda na alvorada, vou para o
escritório onde passo manhãs, acessando no computador as adequadas
jurisprudências que serão lançadas nas minutas do arrazoado que, por sua vez, serão
submetidas ao crivo do nosso advogado-chefe e assim, tão somente, é que
ajuizaremos as nossas petições e pretensões.
Rotineiramente o advogado-chefe nos avisa que ele
será implacável se, porventura, alguns de nós estagiários deixarmos de lhe
inteirar sobre prazos processuais prestes a serem vencidos. Na hipótese de não
o avisarmos, teremos o olho da rua como a aplicação de pena mais branda, além
da implementação de acessórios decorativos de todos os brocardos jurídicos
publicados em latim ou mesmo em português arcaico.
Já não está mais na moda a interpretação analítica
da teoria do "domínio do fato", lançada em segunda mão pelo hoje
aposentado, Dr. Quincas Barbosa, que não passou no exame da OAB porque a ele
não se submeteu, mas mesmo assim, recebeu a cobiçada carteira de advogado, sob
os nossos protestos de consideração e apreço.
Na condição de estagiários jamais perdemos prazos
processuais aqui no escritório, a merecer, portanto, singulares comemorações.
Tanto é que no dia do nosso padroeiro Santo Ivo, que este ano caiu numa
sexta-feira 13 à noite, estamos a comembeborar aqui numa cantina chic do Largo
do Campo da Pólvora, nas imediações do Forum Rui Barbosa, com pratos do dia a
ressaltar as Lagostas ao Termidor ou o
Filé a Hans Kelsen, acompanhados de vinho das vinhas são franciscanas,
especialidades de Dona Bilú, provecta cozinheira franco-baiana do restaurante
do Largo.
Nilson Machado de Azevedo
Nilson Machado de Azevedo
2 comentários:
Quero fazer uma denúncia através deste importante meio de comunicação na nossa sociedade xique-xiquense,dirigida à Secretaria de Educação:no bairro de Pedrinhas,na Escola Nossa Senhora da Conceição quase ninguém vê a diretora daquela escola,sempre diz que está em alguma reunião!Ora,está recebendo para ficar em reunião ou prestar serviço à comunidade?Atenção secretário de educação!!!
28/8/15 09:09Como eh o nome dessa diretora?
29/8/15 16:09Postar um comentário
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