Assim como em outros momentos da
história, o Nordeste, mais uma vez, fez jus ao papel
de trincheira dos grandes valores democráticos da Nação. Com um
conjunto coeso de governadores, que formam um ampla frente de centro-esquerda,
o Nordeste desempenhou papel decisivo em defesa da democracia neste ano
turbulento que chegou ao fim, aparentemente, em águas mais tranquilas.
2015 entrará para a história como o
ano em que a democracia brasileira foi submetida ao seu mais duro teste de
estresse. Ao inconformismo de setores derrotados nas urnas nas últimas eleições
presidenciais, somaram-se o ativismo de determinadas alas do Poder Judiciário e
uma atuação cada vez mais militante – e menos jornalística – de uma imprensa
que se assumiu como partido político. O resultado foi um ano perdido entre o
interminável debate sobre se haveria ou não impeachment, com graves reflexos na
atividade econômica. Muitos apostaram no ‘quanto pior, melhor’ e, nesse jogo,
embora a economia tenha sofrido, a democracia resistiu.
Várias razões contribuíram para a
vitória da legalidade. Em primeiro lugar, a ausência de fato determinado contra
a presidente Dilma Rousseff. Em segundo, a desmoralização do presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desde que foram reveladas suas
contas secretas na Suíça – Cunha, como todos sabem, era peça central na
conspiração golpista. Mas não se deve subestimar o papel dos governadores
nordestinos.
Peça central na resistência foi o
paraibano Ricardo Coutinho, do PSB, que, com seus argumentos em favor do
respeito às urnas, soube conter o ímpeto de seu próprio partido, influindo na
posição de colegas do Nordeste, como o pernambucano Paulo Câmara. Outro
governador que também levantou a voz, nacionalmente, foi Flávio Dino, do
Maranhão, apontando que impeachment sem base jurídica é golpe.
Leonardo Attuch
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