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Essas viagens rotineiras são cansativas

2/26/2016





Em razão do meu trabalho tenho que viajar, compulsoriamente,  para garantir o iogurte e o queijo coalho das minhas crianças.  Nestas condições laborativas, o escritório onde estou a  queimar o que ainda me resta de massa cinzenta, faz com que eu, imperativamente, viaje de avião, porque os hierarcas afirmam  ser questão de economia, de tempo e dinheiro, apesar de contra argumentar, sem obter sucesso, que as minhas fobias aéreas necessitam, primacialmente, de análises  profundas, segundo a psicóloga da qual sou um fugaz paciente.

Para que vocês compreendam, estou a  escrever, ou melhor, a digitar  esta matéria no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, enquanto espero um voo para São Paulo. Por isso peço desculpas aos insignes leitores do A Voz pela pressa que me conduz nesta escrita digitada. 
Vim ao Rio para participar de duas audiências no Juizado Especial Cível, na histórica praça XV de Novembro, no  Centro,  e daqui sigo para São Paulo para labuta semelhante.

Asseguro-lhes que estou a  digitar esta postagem para o A Voz,  sentado nas cadeirinhas azuis do aeroporto, pregadas umas às outras, para dizer que a titulo de café da manhã, tive de  fazer um lanche aqui no Santos Dumont  e senti, no meu bolso raso, os  preços decolarem tais quais o avião da Avianca no qual  daqui a pouco irei embarcar. Os preços das lanchonetes deste aeroporto chegam a custar o triplo do que é cobrado em shoppings e lanchonetes do Rio de Janeiro. 

Disseram-me, aqui mesmo no aeroporto, que a elevação dos preços nas lanchonetes se deu para  contestar os petistas e em face da chegada das classes C e D ao saguão de embarque dos aeroportos brasileiros e, por isso, até forçaram  que a Infraero  agisse para que os novos passageiros não pudessem pagar 15 reais por um misto quente com um refrigerante.  Cobram caro e  ainda batem o pezão para não diminuir os preços. 

Um pão de queijo grande, no Santos Dumont, custa R$ 7, mas é vendido por R$ 2,70 em uma franquia da mesma rede no centro do Rio. Os preços altos obrigam quem trabalha neste aeroporto a trazer comida de casa, conforme me disse uma garçonete que é baiana e reside na comunidade pavão-pavãozinho em Copacabana...

Infelizmente tenho que me interromper e parar por aqui. Estão chamando o meu nome, com aquela voz estereotipada de aeroporto, para o  embarque imediato.  Quase perdi o voo  pois a  fiação do meu  notebook enganchou na tomada. Estou correndo até o portão de embarque. Prometo, ao voltar para Salvador, que vou sugerir ao pessoal do escritório que me despachem  de ônibus ou de navio.  Bye, bye.

Nilson Machado de Azevedo

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