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CARAS DE PAU

3/27/2016

Prioridade dos três principais jornais engajados no golpe de 2016, Folha, Globo e Estado, que também agiram de forma coordenada para promover o regime militar de 1964, é encontrar luminares que repitam uma obviedade: que, "ao contrário do que a presidente Dilma Rousseff afirmou, impeachment não é golpe por estar previsto na Constituição"; trata-se, mais uma vez, de uma tentativa rasteira de manipulação da opinião pública, uma vez que Dilma sempre disse que o impeachment é um instrumento previsto na Constituição; no entanto, ele apenas se torna legítimo quando os responsáveis pelo processo são capazes de apontar o crime de responsabilidade cometido pela presidência da República – o que nem as famílias Frias, Mesquita ou Marinho fizeram até agora apontaram

Engajadas numa tentativa de golpe contra a democracia brasileira, assim como fizeram em 1964, as três famílias que hoje controlam os três principais jornais do País, os Frias, os Marinho e os Mesquita, passaram a se dedicar a um exercício de cinismo. A ordem, agora, é encontrar personalidades que repitam um truísmo: o de que o impeachment não é golpe por estar previsto na Constituição – como se a presidente Dilma Rousseff algum tivesse dito o contrário.


Há dois exemplos no Estado de S. Paulo de hoje (aqui e aqui), um no Globo (aqui) e um no próprio editorial da Folha

O ponto, no entanto, é que Dilma jamais negou que o impeachment em si seja um golpe. O que ela e diversos juristas têm afirmado, assim como políticos com sólida formação jurídica, como o governador maranhense Flávio Dino, é que um impeachment só se torna um processo legítimo quando vem acompanhado de um crime de responsabilidade cometido pelo presidente da República.

Nunca é demais lembrar que o golpe conduzido por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com apoio da oposição e de diversos parlamentares acusados de crimes gravíssimos, tem como fundamento as chamadas "pedaladas fiscais" – algo que, como diz Delfim Netto neste domingo, ocorre no Brasil desde D. João VI.

Folha, Globo e Estado, que colaboraram com o golpe militar de 1964 e agora articulam o "golpe institucional" de 2016, são incapazes de demonstrar um ponto singelo: qual foi o crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma Rousseff.

Enquanto isso não ocorrer, o impeachment, ainda que mascarado pela legalidade, não poderá ser chamado de outra coisa, a não ser o que efetivamente é: um golpe contra a democracia, apoiado por meios de comunicação que deveriam, em tese, defendê-la.


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