O presidente da
OAB, Claudio Lamachia, passou um vexame histórico em Brasília na tarde desta
segunda-feira 28, ao ser barrado na tentativa de entregar ao presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um novo pedido de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff.
Um grupo de
advogados, aos gritos de "não vai ter golpe" e "a OAB apoiou a ditadura",
tenta impedir a entrada de Lamachia na sala de Cunha. Outro grupo, em apoio ao
presidente da OAB, grita "fora, PT". "Nesse momento os advogados
que defendem a Democracia e a Constituição estão rechaçando o descabido pedido
de impeachment da OAB", comentou no Twitter o deputado Wadih Damous
(PT-RJ), que está no local.
Lamachia recebeu
mais cedo, nesta segunda, três pedidos de advogados para que a Ordem realize
consulta ampla à categoria sobre a questão e adie a entrega do novo pedido de
impeachment. Marcello Lavenère, conselheiro da OAB e ex-presidente da entidade,
reuniu cerca de 150 assinaturas, que afirma que "na reunião do Conselho da
OAB [que decidiu se posicionar a favor do impeachment], não houve decisão no
sentido de que a Ordem entraria com pedido de impeachment" (leia mais).
Segundo Lamachia,
os pedidos para suspender a decisão da entidade de apoiar o afastamento da
presidente Dilma Rousseff não representam a categoria e a entrega do novo
pedido não será adiada. Ele nega que haja um racha na instituição sobre o tema
(leia mais abaixo). Lamachia ponderou ainda que a decisão de apoiar o pedido de
afastamento de Dilma foi técnica e ouviu mais de 5 mil dirigentes da Ordem.
Confira aqui a íntegra do
pedido de impeachment da OAB, divulgado pelo portal jurídico Jota. Abaixo,
reportagem da Agência Brasil e vídeos da confusão na Câmara:
Presidente da OAB diz que não há racha na instituição sobre impeachment
Yara Aquino – O
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, disse hoje
(28) que não há um "racha" entre os advogados em relação à decisão da
entidade de entregar, na Câmara dos Deputados, um novo pedido de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff. Neste momento, o documento está sendo protocolado na
Casa.
Antes, no início da
tarde, um grupo de advogados entregou ao presidente da OAB um manifesto,
assinado por 140 profissionais, contra a decisão da ordem de pedir o
impeachment da presidenta. Lamachia informou ter recebido outros dois
manifestos individuais contrários à posição da OAB.
No último dia 18, o
Conselho Federal da OAB decidiu acompanhar o voto do relator e aderir ao pedido
de impeachment de Dilma. A maior parte das bancadas regionais da OAB votou com
o relator.
"Não há racha
nenhum. Imputo isso a uma leviandade, afirmar que há racha na OAB. A
instituição tem hoje quase um milhão de advogados inscritos. Basta que se faça
uma contagem para vermos onde temos e qual o número de advogados que estão se
manifestando contra a instituição. Temos estados com mais de 100 mil advogados,
onde tem 30 advogados indo para a frente da OAB fazer um protesto. Isso não
pode ser encarado como um racha na instituição, mas como uma divergência",
disse, em entrevista, a jornalistas.
Lamachia diz que
houve amplo debate nas OABs dos estados, sobre apoiar ou não o pedido de
impeachment, e no Conselho houve aprovação de 26 das 27 seccionais.
"A OAB tomou uma
decisão absolutamente técnica e ouviu todas as OABs dos 27 estados da
federação. Tivemos uma votação do plenário do Conselho Federal apreciando um
voto que tem mais de 40 folhas e tivemos, ao fim, uma decisão de 26 bancadas
contra uma que votou contrária ao ajuizamento do pedido de impeachment da
presidente da República. Foi uma decisão democrática, e tomada após mais de 10
horas de debate", disse Cláudio Lamachia
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