Temer anuncia fim do fundo soberano e abertura do pré-sal
Hoje é que será possível tomar o pulso do Congresso em relação ao
desvelamento do que nunca esteve realmente oculto, a verdadeira razão do
impeachment: afastar Dilma para que Temer assumisse e promovesse um acordão que
estancasse a sangria dos políticos pela Lava Jato.
O que se viu ontem, uma segunda-feira preguiçosa, foi o silêncio do
PSDB, do Centrão, do Supremo e do Renan (que teve a pachorra de dizer que não
leu a transcrição dos diálogos entre Romero Jucá e Sergio Machado). Quem
começou a ser sangrado foi Jucá mas pode estar começando uma nova escalada da
crise que derrubará a ordem política carcomida que elegeu Temer como tábua de
salvação.
Se o script da Lava Jato não mudou, vamos ter a homologação da delação
de Machado pelo ministro Teori Zavascki e vazamentos de outras gravações, as
que teriam sido feitas com Renan e Sarney. E desta vez, só haverá o
PMDB de Temer na roda. Como ele poderá resistir se os tripulantes
começaram a desembarcar? Ontem foi o pequeno PV, que sentido cheiro de
sangue no ar, anunciou sua independência. E isso tendo indicado Sarney Filho
para o Ministério do Meio Ambiente. Assim faziam também com Dilma.
Marcada para as 11 horas, a sessão que Renan prometeu a Temer para
discutir e votar o ajuste da meta fiscal, a anti-meta de R$ 170,5
bilhões, vai ser um pandemônio. Como no tempo de Dilma, a crise política
atropelará a agenda econômica. O dia não recomenda o outro evento previsto, a
apresentação, por Meirelles, das medidas de ajuste, como corte de despesas e
providências para aumentar as receitas.
Onde este repique da crise política vai dar, ninguém sabe. Mas
existem algumas no caminho. Dilma precisa de três ou quatro votos para
livrar-se do impeachment no Senado. Mas como iria governar, não tendo um terço
da Câmara baixa (sentido literal, por favor). E continua havendo lá, no
TSE, sob a guarda do ministro Gilmar Mendes, a ação que pede a impugnação da
chapa Dilma e Temer.
A impugnação completa, ainda este ano, daria em nova eleição
presidencial. Após 31 de dezembro, na eleição indireta de um novo presidente
por este mesmo Congresso que está aí, e que foi capaz de montar a liturgia do
impeachment tentando desmontar a Lava Jato. Esta saída, os brasileiros não
merecem mesmo!
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